Revisão TCU: o que vai cair na sua prova de Português TCU

Compartilhe:

Você sabe o que vai cair na sua prova TCU? Veja a Revisão TCU: o que vai cair na sua prova de Português TCU.

Olá, pessoal!

Eu sou o professor Décio Terror e estou passando aqui para dar um alô sobre o que realmente vai cair na sua prova de Português TCU.

Venho trabalhando as provas da banca FGV e, fazendo um simples levantamento, entendemos que sua cobrança se baseia na textualidade.

Mas você já viu os vários conteúdos programáticos da banca FGV nos seus diversos concursos?

Nos editais, a quantidade de conteúdo previsto de gramaticalidade é imensa e há pouquíssima menção à textualidade. Mas a quantidade de questões efetivamente cobradas nas provas é proporcionalmente inversa: o que mais cai em prova é textualidade.

Você que vem me acompanhando nas aulas de comentário de provas de Português FGV percebeu que a banca prevê muita gramaticalidade nos editais, mas o que realmente é cobrado tem relação direta com o texto.

Veja a minha análise raio-x de uma prova da FGV:

Veja esta outra análise raio-x de uma prova da FGV:

Agora, veja o conteúdo programático do TCU:

LÍNGUA PORTUGUESA:

1 Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem. 2 Compreensão de texto: observação dos processos que constroem os significados textuais. 3 A linguagem e a lógica. 4 As estruturas linguísticas no processo de construção de mensagens adequadas. 5 A pragmática na linguagem: o significado contextual. 6 A semântica vocabular: antônimos, sinônimos, homônimos, parônimos e heterônimos. 7 Os modos de organização discursiva: a descrição, a narração, a exposição informativa e a exposição argumentativa. 8 A organização das frases nas situações comunicativas: a colaboração e a relevância; os atos de fala. 9 A linguagem lógica e a figurada. 10 Os diversos níveis de linguagem. 11 Os tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre. 12 As funções da linguagem.

Diferentemente de tudo que a banca vinha prevendo nos editais de 2017 até 2021, o que está previsto especificamente no conteúdo programático do TCU, como você vê acima, é tudo que envolve texto. Simples assim!

Então, se você vinha estudando conteúdo gramatical, saiba que a prova vai cobrar muito texto.

Note que somente o item 4 apresenta possibilidade de cobrança gramatical. O resto é só textualidade! Então você duvida de que a banca vai cobrar texto na sua prova?

Vamos a cada conteúdo previsto:

Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem. Compreensão de texto: observação dos processos que constroem os significados textuais.

Os assuntos 1 e 2 (1 Interpretação de texto: decodificação dos diversos tipos de mensagem. 2 Compreensão de texto: observação dos processos que constroem os significados textuais.) dizem respeito à interpretação propriamente dita. A banca insere textos pequenos e o que importa é eliminar alternativas grosseiramente erradas e naturalmente sobra a alternativa correta. Mas é lógico que a banca FGV não vai deixar tudo tranquilo. Normalmente podemos ficar em dúvida em uma ou outra alternativa.

Então, vamos a um macete de interpretação:

a) Leia o texto, no mínimo, duas vezes.

b) Na primeira leitura, observe qual é a ideia principal defendida, atente ao título, quando houver.

c) Na segunda leitura, aprofunde no modo como o autor aborda o tema: verifique os argumentos que fundamentam a opinião defendida por ele.

d) Ao término da segunda leitura, observe se você realmente entendeu o título: ele vai dar a você a ideia principal do texto.

e) Num texto, temos ideias explícitas (o que literalmente se vê escrito no texto) e implícitas (o que se abstrai, subentende, nas entrelinhas do texto). Procure sempre, ao tentar resolver a interpretação, marcar o que está explícito no texto que confirme a sua resposta. O que está implícito é marcado por vestígios: não se fala diretamente, mas se sugere uma interpretação. Ex: Eu posso indicar que alguém é estressado não dizendo claramente essa palavra, mas citando os atos dela, a forma agitada diante dos problemas na vida etc. Isso nos leva a “ler as entrelinhas”.

Vamos fazer um teste?

  1. (FGV / Prefeitura Municipal do Salvador – BA Engenharia Civil)

Uma redação apresentou o seguinte fragmento de texto:

“Solidariedade não faz bem apenas para quem ajuda, mas também para quem a pratica. E isso, agora, está comprovado cientificamente: um estudo realizado nos EUA por um neurocientista brasileiro revela que a boa ação ativa uma região cerebral que proporciona uma sensação de prazer e bem-estar comparada aos atos de comer chocolate, ganhar dinheiro e fazer sexo.”

Sobre esse fragmento textual, assinale a afirmativa incorreta.

(A) O assunto do texto é a solidariedade.

(B) O ponto de vista sob o qual é tratado o assunto se refere a benefícios trazidos pela prática da solidariedade.

(C) A tese apresentada é a de que a prática da solidariedade auxilia quem a realiza e quem a recebe.

(D) Um argumento apresentado é de base científica, apoiado em estudo de um neurocientista.

(E) Um argumento é de caráter pessoal, ao expressar bem-estar no ato de comer, ganhar dinheiro e fazer sexo.

Comentário: A alternativa (A) está correta, pois o início do texto menciona que o tema é solidariedade. Observe: “Solidariedade não faz bem apenas para quem ajuda, mas também para quem a pratica. E isso, agora, está comprovado cientificamente”.

A alternativa (B) está correta, pois o texto explica que ser solidário é bom tanto para quem pratica quanto para quem recebe esse ato de carinho, trazendo a informação de que isso é comprovado cientificamente.

A alternativa (C) está correta, pois a solidariedade faz bem tanto para quem a pratica quanto para quem a recebe. Encontramos essa informação literalmente no texto: “Solidariedade não faz bem apenas para quem ajuda, mas também para quem a pratica.

A alternativa (D) está correta, pois encontramos essa informação literalmente no texto: “um estudo realizado nos EUA por um neurocientista brasileiro revela que a boa ação ativa uma região cerebral que proporciona uma sensação de prazer”.

A alternativa (E) é errada, pois o texto exemplifica o argumento de que ser solidário proporciona a mesma sensação de prazer proporcionada pelo ato de comer chocolate, ganhar dinheiro e fazer sexo. Esses exemplos são de caráter universal e não particular, uma vez que também são comprovações científicas.

Gabarito: E

  1. (FGV / Prefeitura Municipal do Salvador – BA Engenharia Civil)

“O Papa Francisco lamentou neste domingo que ‘os poucos ricos’ aproveitam aquilo que ‘em justiça, pertence a todos’. Ele afirmou que cristãos não podem permanecer indiferentes ao crescimento de preocupações com os explorados e os indigentes, incluindo imigrantes.

O Papa chamou atenção para a causa dos idosos abandonados e para ‘o grito de todos aqueles levados a deixar suas casas e sua terra natal por um futuro incerto’. Ele acrescentou: ‘é o grito de populações inteiras, privadas inclusive de todos os recursos naturais a sua disposição.’”

Tribuna da Bahia, 19/11/2018.

O discurso do Papa Francisco tem caráter predominantemente

(A) político-religioso.

(B) socioeconômico.

(C) político-social.

(D) religioso-social.

(E) religioso-econômico.

Comentário: O Papa Francisco se pronunciou sobre a desigualdade social entre ricos e pobres e para os idosos abandonados. Logo, há um caráter social no discurso do pontífice.

Além disso, ele falou sobre os refugiados, analisando um caráter político da sociedade.

Portanto, a alternativa (C) é a correta, pois o discurso do Papa Francisco tem caráter predominantemente político-social.

Gabarito: C

A linguagem e a lógica

O item 3 “A linguagem e a lógica” tem relação direta com a argumentação.

Vamos a algumas ideias importantes:

Tradicionalmente, consideramos os seguintes tipos de argumentos: a dedução, a indução e a analogia.

Dedução:

É o raciocínio que parte de pelo menos uma proposição geral e cuja conclusão pode ser uma proposição geral ou uma proposição particular.

No exemplo válido a seguir, a primeira dedução parte de premissas gerais (Todo brasileiro é sul-americano; Todo paulista é brasileiro) e chega a uma conclusão também geral (Todo paulista é sul-americano):

Todo brasileiro é sul-americano.

Todo paulista é brasileiro.

Todo paulista é sul-americano.

Indução:

A indução por enumeração é uma argumentação pela qual, a partir de diversos dados singulares constatados, chegamos a proposições universais:

“Esta porção de água ferve a cem graus, e esta outra, e esta outra…; logo, a água ferve a cem graus.”

Enquanto na dedução as premissas constituem razão suficiente para se derivar a conclusão, na indução, ao contrário, chega-se à conclusão a partir de evidências parciais.

Analogia:

Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita. Por meio da analogia, passamos de um ou de alguns fatos singulares para uma outra enunciação singular ou particular. Da comparação entre objetos ou fenômenos diferentes, inferimos pontos de semelhança:

Paulo sarou de suas dores de cabeça com este remédio. Logo, João há de sarar de suas dores de cabeça com este mesmo remédio”;

O macaco foi curado da tuberculose com tal soro; logo, os seres humanos serão curados da tuberculose com o mesmo soro”.

  1. (FGV / Câmara Municipal Aracaju Técnico em Taquigrafia 2021)

“O livro de Laurentino Gomes sobre a escravidão é de dimensão agradável e de preço acessível, por isso deve vender bastante.”

A conclusão desse raciocínio:

(A) se apoia num processo dedutivo;

(B) deriva de uma premissa falsa;

(C) surge a partir de uma generalização;

(D) estrutura-se a partir de uma indução;

(E) mostra-se como fruto de um testemunho de autoridade.

Comentário: A ideia no texto é que um determinado livro deve vender bastante. Para isso, o autor parte de especificidades do livro, como “dimensão agradável” e “preço acessível”, o que o faz chegar a um resultado geral, que é a possibilidade do grande número de vendas.

Assim, houve indução, pois o autor partiu de algo específico e chegou a um resultado geral, e a alternativa (D) é a correta.

Gabarito: D

  1. (FGV / PCERJ Perito Criminal 2021)

Os raciocínios dos textos argumentativos ora se apoiam no método indutivo – do particular para o geral – ora no método dedutivo – do geral para o particular.

A frase que exemplifica o método indutivo é:

(A)  Os jogos do Campeonato Brasileiro já deveriam ser abertos ao público, pois, assim, haveria mais emoção e incentivo; o Atlético Mineiro, por exemplo, obteria ainda melhor resultado ontem, se a torcida estivesse na arquibancada;

(B)   O hospital Getúlio Vargas atendeu ontem um número excessivo de emergências e enfrentou as dificuldades oriundas da falta de pessoal, mas, na verdade, os hospitais públicos, em todas as grandes cidades, estão passando por isso;

(C)  As livrarias estão fechando as portas em muitos lugares, em função da substituição dos livros pela mídia digital; a livraria de um shopping no centro da cidade resiste ainda porque, espertamente, abriu um café dentro da loja;

(D)  O circo deixou de existir, pelo menos nos grandes centros, já que não encontra mais espaço nem nos terrenos nem no coração das pessoas; um pequeno circo ainda está presente no subúrbio de Realengo, onde as crianças se divertem com o palhaço Cascão;

(E)   Nem todos os divertimentos eletrônicos custam caro, já que há pequenos produtores que investem em games mais simples e mais baratos, como no caso do Pequena Batalha.

Comentário: Como a questão já afirmou, o método indutivo parte do particular para o geral, o que ocorre na alternativa (B), pois se partiu de um hospital específico (“hospital Getúlio Vargas”) e se chegou a vários hospitais, de maneira geral (hospitais públicos).

O hospital Getúlio Vargas atendeu ontem um número excessivo de emergências e enfrentou as dificuldades oriundas da falta de pessoal, mas, na verdade, os hospitais públicos, em todas as grandes cidades, estão passando por isso;

Note que, nas demais alternativas, parte-se do geral, marcado em cor azul de sublinhado, e se chega ao particular, marcado em cor verde.

Os jogos do Campeonato Brasileiro já deveriam ser abertos ao público, pois, assim, haveria mais emoção e incentivo; o Atlético Mineiro, por exemplo, obteria ainda melhor resultado ontem, se a torcida estivesse na arquibancada;

As livrarias estão fechando as portas em muitos lugares, em função da substituição dos livros pela mídia digital; a livraria de um shopping no centro da cidade resiste ainda porque, espertamente, abriu um café dentro da loja;

O circo deixou de existir, pelo menos nos grandes centros, já que não encontra mais espaço nem nos terrenos nem no coração das pessoas; um pequeno circo ainda está presente no subúrbio de Realengo, onde as crianças se divertem com o palhaço Cascão;

Nem todos os divertimentos eletrônicos custam caro, já que há pequenos produtores que investem em games mais simples e mais baratos, como no caso do Pequena Batalha.

Gabarito: B

Resolva questões da revisão prova Português TCU

As estruturas linguísticas no processo de construção de mensagens adequadas.

O item 4 é o único que faz menção à parte gramatical e aqui é importante iniciarmos as conjunções coordenativas:

Conjunções coordenativas:

1) Aditivas:

As conjunções aditivas servem para somar termos, encadear enumeração dentro de uma lógica:

e, nem, tampouco, não só…mas também, não só…como também, senão também, tanto…como, tanto…quanto.

Ele caminha e corre todos os dias.

Ele não caminha nem corre.

Josefina não trabalha, tampouco estuda.

Ele não só ajuda financeiramente, mas também aconselha os amigos.

2) Adversativas:

As conjunções adversativas exprimem contraste, oposição, ressalva, compensação. As principais são:

mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, senão, ao passo que, antes (=pelo contrário), , não obstante, apesar disso, em todo caso.

Estudou muito, mas não passou.

Ele teve aumento salarial, porém não quis continuar na empresa.

Estude bastante o conteúdo específico, todavia não se desligue dos conhecimentos básicos.

Não desmatar é importante, no entanto não é a única solução para a sustentabilidade do planeta.

O rico esbanja gastos desnecessários, o pobre só quer sobreviver.

3) Alternativas:

Principais conjunções:

ou, ou…ou, ora…ora, já…já, quer…quer.

Ex.: Faça sua parte, ou procure outro trabalho.

Inclusão:

João ou Pedro são bons candidatos. (valor de inclusão)

Exclusão:

João ou Pedro ganhará a presidência do clube. (valor de exclusão)

4) Conclusivas:

logo, portanto, por conseguinte, pois (colocada depois do verbo), por isso, então, assim, em vista disso.

Ele se manteve organizado, logo teve êxito nas tarefas.

O Brasil vem exportando muito, portanto está crescendo economicamente.

Joaquim trabalhou duro; terminou, pois, sua casa própria.

Realizamos muitos exercícios, por conseguinte a prova foi fácil.

Estudou, então passou.

5) Explicativas:

As principais conjunções são:

porque, pois (anteposto ao verbo), porquanto, que.

Estude, porque a prova está chegando!

Choveu muito, pois as ruas estão alagadas.

 

Agora, vamos às subordinadas adverbiais:

Conjunções subordinadas adverbiais

  1. Causais: porque, pois, que, como (quando a oração adverbial estiver antecipada), já que, visto que, desde que, uma vez que, porquanto, na medida em que, que, etc:

Estudo porque necessito.

Como fazia frio, fechou as janelas.

Já que estou cansado, vou descansar.

Uma vez que estudou muito, foi aprovado.

Se o estudo é o princípio do concurseiro, é imprescindível a organização de seu material de estudo.

  1. Consecutivas:

I – conjunção que precedida de tal, tão, tanto, tamanho:

Trabalharam tanto que suas mãos ficaram inchadas.

Tal foi o problema na empresa que todos foram demitidos.

Nesta estrutura, os intensificadores tal, tamanho, tão, tanto podem ficar subentendidos.

Bebia que caía pelas ruas. (bebia tanto…)

II – locuções conjuntivas de maneira que, de jeito que, de ordem que, de sorte que, de modo que, etc:

Motivamos a classe empresarial, de sorte que o Brasil aumentou o nível de empregos regulares.

“As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolongar minha viagem.”

  1. Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (=se não), a não ser que, a menos que, dado que, uma vez que.

            Se o candidato estudar bastante, passará no concurso.

            Se o candidato estudasse bastante, passaria no concurso.

            Caso o candidato estude bastante, passará no concurso.

Caminharei com você desde que não chova.

            Não terminará a matéria, sem que se dedique muito.

Poderão ganhar o campeonato, salvo se acontecer algum imprevisto.

É encontrada também a forma reduzida:

            Conhecendo os alunos, o professor não os teria punido. (reduzida de gerúndio)

  1. Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que (=embora não)

Gostava de Matemática, embora tivesse dificuldades com cálculos.

Por incrível que pareça, eles não conheciam ‘pen-drive’.

            Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas afirmações.

            Dado que soubesse, não dirigia à noite.

            Por mais que gritasse, não me ouviram.

            Nem que a gente quisesse, conseguiria esquecer.

            Embora chegasse cedo, não conseguiu lugar para sentar-se.

            Mesmo chegando cedo, não conseguiu lugar para sentar-se.

            Apesar de chegar cedo, não conseguiu lugar para sentar-se.

  1. Comparativas: como, (tal) qual, tal e qual, assim como, (tal) como, (tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, tanto quanto, que nem, feito (=como, do mesmo modo que), o mesmo que (=como)

            A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.

            Como a flor se abre ao sol, assim minha alma se abriu à luz daquele olhar.

            A praia é tal qual você descreveu. (tal como)

  1. Conformativas: como, conforme, segundo, consoante

Como disse o prefeito, o IPTU vai subir 5% este ano.

            “Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi contar.” (Machado de Assis)

            Conforme prevê o artigo 37 da CF, o serviço público é impessoal.

            Consoante opinam alguns, a história se repete.

  1. Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais … tanto mais, quanto mais … tanto menos, quanto menos … tanto menos, quanto menos … tanto mais, quanto mais … mais, quanto menos … menos, tanto … quanto (como).

            Os alunos respondiam, à medida que eram chamados.

            À proporção que subiam a montanha, o ar ia ficando rarefeito.

            O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai diminuindo.

            Tanto gostava de um quanto aborrecia o outro.

  1. Finais: para que, a fim de que, que (= para que), porque (= para que):

                        Afastou-se depressa, para que não o víssemos.

                        Viemos aqui a fim de que realizássemos um acordo.

                        “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis)

“Fez tudo porque eu não obtivesse bons resultados.”

Muito utilizada é a forma reduzida de infinitivo:

                        Suportou todo tipo de humilhação para obter o visto americano.

  1. Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que, ao mesmo tempo que, toda vez que.

            Não fale enquanto come.

            Mal você saiu, ela chegou.

            Só voltou a jogar quando se sentiu bem.

            Assim que chegou, foi para a cozinha.

A forma reduzida também é muito utilizada:

            Terminada a festa, todos foram embora.

 

Bora praticar

 

  1. (FGV / TJ-SC Analista Administrativo)

“Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem cotidiana, usamos os dois termos indistintamente”.

Nesse segmento do texto, o conector “entretanto” só NÃO pode ser substituído de forma semanticamente adequada por:

A) contudo;

B) todavia;

C) conquanto;

D) no entanto;

E) porém.

Comentário: A conjunção “entretanto” é adversativa, por isso pode ser substituída por outros conectivos adversativos, como “contudo”, “todavia”, “no entanto” e “porém”.

Portanto, não cabe “conquanto”, que é uma conjunção concessiva, e a alternativa (C) é a errada.

Gabarito: C

  1. (FGV / MPE-AL Técnico do Ministério Público)

“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. Mostrou também danos morais”.

Assinale a opção que indica o conectivo adequado que deve ser empregado na união dos dois períodos desse segmento do texto.

A) e

B) pois

C) logo

D) visto que

E) Mas

Comentário: Observe que a segunda oração está explicando por que a crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. Portanto, cabe um conectivo explicativo.

Por isso, a alternativa (A) está errada, pois a conjunção “e” é aditiva.

A alternaitva (B) é a correta, pois a conjunção “pois” é explicativa.

A alternaitva (C) está errada, pois a conjunção “logo” é conclusiva.

A alternaitva (D) está errada, pois a locução conjuntiva “visto que” é causal.

A alternaitva (E) está errada, pois a conjunção “mas” é adversativa.

Gabarito: B

 

  1.  (FGV / MP RJ Técnico do Ministério Público)

Sou contra essa visão utilitária, mas é assim que funciona.

Essa frase pode ser reescrita de vários modos; a única forma que altera o seu sentido original é:

(A) Mesmo sendo contra essa visão utilitária, é assim que funciona;

(B) Apesar de ser contra essa visão utilitária, é assim que funciona;

(C) É assim que funciona a despeito de eu ser contra essa visão utilitária;

(D) Ainda que eu seja contra essa visão utilitária, é assim que funciona;

(E) É assim que funciona a menos que eu seja contra essa visão utilitária.

Comentário: Há uma relação de contraste entre “ Sou contra essa visão utilitária” e “ mas é assim que funciona” tendo em vista o emprego da conjunção coordenativa adversativa “mas”.

Assim, ao substituir a estrutura, deve permanecer o valor de contraste.

A alternativa (A) está correta, pois a oração “ Mesmo sendo contra essa visão utilitária” é subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio, a qual mantém com a oração principal “é assim que funciona” um valor de contraste.

A alternativa (B) está correta, pois a oração “Apesar de ser contra essa visão utilitária “ é subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo, a qual mantém com a oração principal “é assim que funciona” um valor de contraste.

A alternativa (C) está correta, pois a oração “a despeito de eu ser contra essa visão utilitária “ é subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo, a qual mantém com a oração principal “é assim que funciona” um valor de contraste.

A alternativa (D) está correta, pois a oração “Ainda que eu seja contra essa visão utilitária” é subordinada adverbial concessiva, a qual mantém com a oração principal “é assim que funciona” um valor de contraste.

A alternativa (E) é a que deve ser marcada, pois a oração “a menos que eu seja contra essa visão utilitária” é subordinada adverbial condicional, em relação à oração principal “é assim que funciona“.

Gabarito: E

  1. (FGV / Pref. Municipal de Salvador- BA Analista Arquitetura)

“Ao longo dos últimos anos, a participação de pessoas com idade superior aos 60 anos vem aumentando na força de trabalho do país. Além do envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saída do mercado. E para protegê-los, o Estatuto do Idoso, que completou 15 anos no dia 1º de outubro, também trata de direitos relativos a trabalho e renda. Entretanto, alguns ainda não saíram do papel”.

Tribuna da Bahia, 18/11/2018.

Assinale a opção que indica como o segmento “Além do envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saída do mercado” poderia ser mais claramente expresso.

(A) Apesar do envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saído do mercado.

(B) Com o envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saída do mercado.

(C) Mesmo com o envelhecimento da população, os idosos estão adiando a saída do mercado.

(D) Os idosos estão adiando a saída do mercado e o envelhecimento da população é fato natural.

(E) Os idosos estão adiando a saída do mercado já que está ocorrendo o envelhecimento da população.

Comentário: Note que a locução prepositiva “Além do” transmite valor de inclusão. Assim, a relação entre “Além do envelhecimento da população” e “os idosos estão adiando a saída do mercado” poderia ser mais claramente expresso” é de adição e a única alternativa correta é a (D), pois apresenta a conjunção coordenativa aditiva “e”.

Na alternativa (A), “Apesar do envelhecimento da população” é um adjunto adverbial concessivo.

Na alternativa (B), “Com o envelhecimento da população” é um adjunto adverbial de causa.

Na alternativa (C), “Mesmo com o envelhecimento da população” é um adjunto adverbial concessivo.

Na alternativa (E), a oração “já que está ocorrendo o envelhecimento da população” é subordinada adverbial causal.

Gabarito: D

 

A pragmática na linguagem: o significado contextual. A semântica vocabular: antônimos, sinônimos, homônimos, parônimos e heterônimos.

Os itens 5 e 6 trabalham o significado de palavras, então não há muita teoria aqui não. O que importa é perceber o sentido pelo contexto. Bora treinar:

  1. (FGV / AL-RO Analista Legislativo Taquigrafia)

“W.E.Collinson, baseado em um artigo de G. Devoto, mostra as seguintes diferenças entre sinônimos: um termo mais geral que outro, um termo mais intenso que outro, um termo mais emotivo que outro, um termo que implica aprovação ou censura, um termo é mais profissional que outro, um termo é mais literário que outro, um termo é mais coloquial que outro, um termo é mais local ou dialetal que outro, um dos sinônimos pertence à fala infantil; algumas dessas categorias trazem subdivisões.

O par abaixo que mostra um termo sinônimo de conteúdo mais geral que o anterior é:

A) companheiro/amigo.

B) rico/milionário.

C) martelo/ferramenta.

D) sentimento/amor.

E) demência/loucura.

Comentário: A questão pede a alternativa em que a segunda palavra tenha um sentido mais amplo/geral do que a primeira.

Dessa forma, a alternativa (A) está errada, pois “companheiro” tem valor mais geral (hiperônimo), enquanto “amigo” tem valor mais específico.

A alternativa (B) está errada, pois “rico” tem valor mais geral (hiperônimo), enquanto “milionário” tem valor mais específico.

A alternativa (C) é a correta, pois a palavra “martelo” tem valor mais específico e a palavra “ferramenta” tem valor mais geral, sendo um hiperônimo.

A alternativa (D) está errada, pois “sentimento” tem valor mais geral (hiperônimo), enquanto “amor” tem valor mais específico.

A alternativa (E) está errada, pois “demência” tem valor mais geral (hiperônimo), enquanto “loucura” tem valor mais específico.

Gabarito: C

  1. (FGV / SSP AM Assistente Operacional)

“Numa esquina perigosa, conhecida por sua sinalização e pelas batidas que lá ocorrem, há um acidente de automóvel. Como o motorista de um dos carros está visivelmente errado, o guarda a ele se dirige propondo abertamente esquecer o caso por uma boa propina.”

Nesse segmento do texto 1 os termos sublinhados NÃO podem ser considerados antônimos; o mesmo ocorre na frase abaixo:

(A) Uma boa fiscalização reprime a conduta de motoristas.

(B) Uma sinalização não indica uma boa administração.

(C) Uma conduta é sempre seguida de uma boa repreensão.

(D) Um bom motorista não dá maus exemplos.

(E) Um bom automóvel não pode ter maus freios.

Comentário: No pedido da questão, a palavra “má” indica a qualidade ruim da sinalização. A palavra “boa” significa grande quantidade. Assim como neste contexto não ocorrem antônimos (sentidos opostos), devemos achar uma alternativa que também não haja esse sentido oposto.

Na alternativa (A), “boa” e “má” transmitem sentidos opostos. O primeiro com valor positivo e o segundo negativo. Assim também percebemos nas alternativas (B), (D) e (E).

Porém, na alternativa (C), o adjetivo “má” transmite uma ideia de característica negativa, enquanto “boa” transmite uma intensificação, isto é, uma repreensão exemplar, profunda. Assim, não são antônimos.

Gabarito: C

  1. (FGV / TJ RJ Analista Judiciário)

“A realidade não é bela nem feia, nem justa nem injusta, nem exultante nem deprimente, não há maniqueísmo.”

O par de palavras abaixo que obedece ao mesmo padrão dos adjetivos (bela/feia, justa/injusta, exultante/deprimente) no segmento destacado é:

a) transferido/mantido;

b) inédito/desconhecido;

c) impávido/orgulhoso;

d) eficaz/eficiente;

e) habitual/inóspito.

Comentário: Os pares marcam uma relação antônima, isto é, de sentidos contrários.

Assim, a alternativa (A) é a correta, pois “transferido” transmite uma ideia de mudança; já “mantido” uma ideia de estagnação. Assim, há antônimo, oposição!

Na alternativa (B), “inédito” tem sentido daquilo que é original, incomum; já “desconhecido” significa aquilo que não é conhecido. Não são palavras sinônimas, nem antônimas.

Na alternativa (C), “impávido” tem sentido de destemido; já “orgulhoso” é aquele que é altivo, vaidoso. Não são palavras sinônimas, nem antônimas.

Na alternativa (D), de certa forma “eficaz” e “eficiente” têm aproximação semântica. Em determinadas áreas profissionais, há diferença de aplicação. Mesmo assim, os dicionários as caracterizam como sinônimas.

Na alternativa (E), “inóspito” é o lugar de difícil acesso, em que não se consegue viver; já “habitual” é aquilo que é comum, rotineiro. Não são palavras sinônimas, nem antônimas.

Gabarito: A

Resolva questões

 

Os modos de organização discursiva: a descrição, a narração, a exposição informativa e a exposição argumentativa.

O item 7 (Os modos de organização discursiva: a descrição, a narração, a exposição informativa e a exposição argumentativa) cai muito em prova.

A organização básica do texto encontra-se em três tipos: descritivo, narrativo e dissertativo.

Descritivo

O texto descritivo enfatiza o estático, é um retrato, um recorte de uma paisagem, uma ação, um costume. O texto descritivo vai induzindo o leitor a imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto é, tudo que ambienta a história, a informação.

“Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito caminha lento e nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”

(em Platão e Fiorin)

Podemos notar no texto muitos adjetivos, juntamente com a enumeração de substantivos e verbos. Não há interpretação de movimento neste texto. Tudo é recorte de instantes, por isso poderíamos pintar um quadro com base na imagem que ele nos sugere.

Assim, descrever é enumerar características, ações e elementos que produzem uma imagem “congelada” do instante ou da rotina.

INSTRUÇÕES

Verifique se este caderno:

– corresponde a sua opção de cargo.

– contém 70 questões, numeradas de 1 a 70.

– contém a proposta e o espaço para o rascunho da Prova Discursiva. Caso contrário, reclame ao fiscal da sala outro caderno.

Não serão aceitas reclamações posteriores.

– Para cada questão existe apenas UMA resposta certa.

– Leia cuidadosamente cada uma das questões e escolha a resposta certa.

– Essa resposta deve ser marcada na FOLHADE RESPOSTAS que você recebeu.

Capa de uma prova de concurso

 

Dentre a variedade de textos descritivos, ressaltam-se os textos instrucionais, injuntivos. Veja um exemplo:

As questões objetivas têm cinco alternativas de resposta (A, B, C, D, E) e somente uma delas está correta
 Verifique se seu caderno está completo, sem repetição de questões ou falhas. Caso contrário, notifique imediatamente o fiscal da sala, para que sejam tomadas as devidas providências
 Confira seus dados pessoais, especialmente nome, número de inscrição e documento de identidade, e leia atentamente as instruções para preencher a folha de respostas
 Use somente caneta esferográfica, fabricada em material transparente, com tinta preta ou azul
 Assine seu nome apenas no(s) espaço(s) reservado(s)
 Confira a cor e o tipo do seu caderno de provas. Caso tenha recebido caderno de cor ou tipo diferente do impresso em sua folha de respostas, o fiscal deve ser obrigatoriamente informado para o devido registro na ata da sala

  

            Esse texto é uma capa de prova de concurso. Nele se observa uma ordenação lógica, uma interlocução direta com o leitor (o candidato ao cargo). Assim, a característica fundamental do texto instrucional é levar o receptor a modificar comportamento, a agir de acordo com os preceitos emanados do texto, seguir a sequência. Este tipo de texto é também chamado de injuntivo ou prescritivo. Apresenta em sua estrutura procedimentos a serem seguidos.

Portanto, o texto descritivo pode se manifestar por meio de vários gêneros textuais, como manual de instrução, bula, capa de uma prova de concurso, fragmentos enumerativos de um edital, receita, os quais serão vistos adiante.

A organização básica do texto encontra-se em três tipos: descritivo, narrativo e dissertativo.

Narrativo

Diferentemente do texto descritivo, o narrativo é aquele que trabalha o movimento, as ações se prolongam no tempo, sendo esta a característica principal. Narrar é contar uma história, baseando-se na ótica do narrador (aquele que conta), sobre uma ou mais ações de um personagem(ns), numa sequência temporal, em determinado lugar. A história pode ser imaginária (ficção) ou real (fato). Pode ser contada por alguém que é o pivô da história (narrador-personagem), ou por alguém que está testemunhando as ações (narrador-observador). Quando há o narrador-personagem, há verbos e/ou pronomes em primeira pessoa do singular. Quando há narrador-observador, há verbos e/ou pronomes em terceira pessoa.

Muitas vezes, quando o autor de um texto quer considerar um problema relevante na sociedade, parte de um fato (narra uma pequena história real) e a partir dela tece suas considerações. Assim, pode-se dizer que a primeira parte do texto é narrativa e a segunda é dissertativa, a qual será vista adiante.

Eis, a seguir, um bom exemplo deste tipo de texto encontrado na prova da banca CESPE (médico perito INSS -2009), em que os elementos da narrativa se fazem presentes.

A Revolta da Vacina

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam às dezenas de doenças infecciosas.

Ao assumir a presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves instituiu como meta governamental o saneamento e reurbanização da capital da República. Para assumir a frente das reformas, nomeou Francisco Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para o saneamento.

O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, com a derrubada de casarões e cortiços e o consequente despejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares.

Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo e comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela.

Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo.

A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, enfrentou as forças da polícia e do exército até ser reprimido com violência. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados.

Internet: <www.ccs.saude.gov.br> (com adaptações).

            Observe os traços temporais que marcam a evolução dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que as ações vão sendo desenvolvidas num cenário (Rio de Janeiro). Veja os elementos temporais: “na passagem do século XIX para o século XX”; “Ao assumir a presidência da República”; “Ao mesmo tempo”; “Em seguida”; “Finalmente”; “Durante uma semana”; “no período de 10 a 16 de novembro de 1904”.

Com isso, observa-se que há uma história sendo contada por alguém que não participou dela (narrador-observador). Ele não tem necessidade de se posicionar diante de alguma situação, o que se pretende com o texto é narrar um fato que ocorreu no Rio de Janeiro.

Dissertativo

Dissertar é um processo em que o emissor transmite conhecimento, relata, expõe ideias, discorre sobre determinado assunto, argumenta. De certa maneira, o texto mostra o ponto de vista que o autor tem de determinado assunto, fundamentado em argumentos e raciocínios baseados em sua vivência, conhecimento, posturas.

É certo dizer que ele engloba um conjunto de juízos. É próprio de temas abstratos e usado em textos críticos, teses, exposição, explanação e argumentação.

Dependendo do ponto de vista, da organização e do conteúdo, a dissertação pode simplesmente relatar saberes científicos, dados estatísticos, etc ou pode também buscar defender um princípio, uma visão parcial ou não de um assunto, apresentando argumentos precisos, exemplos, contradições, comparações, causas etc, para defender suas ideias. Sua estrutura normalmente é a seguinte:

            1) Introdução: é o parágrafo que abre a discussão ou simplesmente expõe a informação principal, da qual se partirá nos próximos parágrafos à exemplificação, explicação, etc. Neste parágrafo normalmente se encontra o tópico frasal, o qual também é entendido como tese, cuja função é transmitir a opinião do autor, o centro da informação.

            2) Desenvolvimento: pode ser composto de um ou mais parágrafos, os quais servem para ampliar e analisar o conteúdo informado na introdução. Nele, encontramos os procedimentos argumentativos, que podem conter a relação de causa e consequência, exemplificações, contrastes, citações de autoridades no assunto. Enfim, é o debate ou simplesmente o mergulho nas implicações do tema.

            3) Conclusão: é o fechamento da informação, seja ela crítica ou não. Muitas vezes iniciadas por elementos como “Portanto”, “Em suma”, “Enfim”, etc. Nela há normalmente a ratificação, confirmação da tese, tomando por base os argumentos dos parágrafos de desenvolvimento.

Com base nisso, a dissertação se divide basicamente em dois tipos:

  1. a) Dissertativo-expositivo: quando o autor apenas transmite os saberes de uma comunidade (como em livros didáticos, enciclopédias etc), não colocando sua opinião sobre o assunto, mas apenas os dados objetivos.

Ferramenta que devolve spam ao emissor já é realidade

            Uma nova ferramenta para combater a praga do spam foi recentemente desenvolvida. O sistema é capaz de devolver os e-mails inconvenientes às pessoas que os enviaram, e está estruturado em torno de uma grande base de dados que contém os números de identificação dos computadores que enviam spam. Depois de identificar os endereços de onde procedem, o sistema reenvia o e-mail ao remetente.

            A empresa que desenvolveu o sistema assinalou que essa ferramenta minimiza o risco de ataques de phishing, a prática que se refere ao envio maciço de e-mails que fingem ser oficiais, normalmente de uma entidade bancária, e que buscam roubar informação como dados relativos a cartões de crédito ou senhas.

Internet: <http://informatica.terra.com.br>. Acesso em mar./2005 (com adaptações).

(Prova: ANS / 2005 / superior)

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

        I – a soberania;

        II – a cidadania

        III – a dignidade da pessoa humana;

        IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

        V – o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(Excerto da CF/88. In: http://www.planalto.gov.br)

Não se nota em nenhum dos dois textos a intervenção do autor, sinalizando sua opinião. Houve apenas a exposição de fato (no primeiro) e de dado conceitual (no segundo). A base deles foi a transmissão do saber, a informação. Por isso são textos dissertativo-expositivos.

  1. b) Dissertativo-argumentativo ou opinativo: quando o autor transmite sua opinião dentro do texto. Geralmente é o cobrado nos concursos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração de redações.

Veja alguns exemplos de texto dissertativo-argumentativo:

Existe, por certo, um abismo muito largo e profundo entre a cosmovisão dos médicos em geral (fundada em sua leitura dos fenômenos biológicos) e as concepções de vida da vasta maioria da população. Salta à vista, na abordagem do assunto (a ética e a verdade do paciente), que se fica, mais uma vez, diante da pergunta feita por Pôncio Pilatos a Jesus Cristo, encarando, como estava, um homem pleno de sua verdade, “O que é a verdade?” E é evidente que um e outro se cingiam a verdades díspares.

Dalgimar Beserra de Menezes. A ética médica e a verdade do paciente. In: Desafios éticos, p. 212-5 (com adaptações). (Prova: ANS / 2005 / superior)

Com pouco mais de meio século de atividade da indústria automobilística no Brasil, de acordo com registros, foram vendidos 2,5 milhões de carros. Contraposto aos sucessivos recordes de congestionamentos nas grandes cidades brasileiras, esse resultado expõe as fragilidades de um modelo de desenvolvimento e urbanização que privilegia o transporte motorizado individual, prejudica a mobilidade e até a produtividade das pessoas. O carro, no entanto, não é o único vilão. A solução para o problema da mobilidade passa pela criação de alternativas ao uso do transporte individual.

            “Como as opções alternativas ao transporte individual são pouco eficientes, pela falta de conforto, segurança ou rapidez, as pessoas continuam optando pelos automóveis, motocicletas ou mesmo táxis, ainda que permaneçam presas no trânsito”, afirma S. G., profissional da área de desenvolvimento sustentável. Contudo, restringir o uso do carro não resolve o problema. De acordo com consultores em transportes, a tecnologia é uma das ferramentas para equacionar o problema do trânsito, desde que escolhida e implementada com competência.

Enfrentamento do problema da mobilidade determinará futuro das grandes metrópoles. In: Revista Ideia Socioambiental. São Paulo. Internet: <www.ideiasocioambiental.com.br>. (com adaptações).

(Prova: DETRAN 2010 Médio)

Observação

Vivemos tão apressados que estamos perdendo a habilidade de observar detalhadamente o que nos cerca. Por outro lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais que, para nos proteger do excesso, aprendemos a não perceber o que está em volta, aprendemos a nos proteger. Por isso, a propaganda fica cada vez mais agressiva. Os produtos precisam, a qualquer custo, chamar a atenção do possível comprador, até que sejamos capazes de “ver sem olhar”. Ou seja, mesmo sem estarmos interessados, não podemos escapar de perceber uma imagem de propaganda.

Isso nos tem levado à autoproteção ou a uma atitude passiva, já que não é preciso fazer nenhum esforço, pois a propaganda e as imagens se encarregam de nos invadir.

Entretanto, para apreciar a arte e saber ler imagens, uma primeira habilidade que precisamos renovar, estimular e desenvolver é a observação. Ela deve deixar de ser passiva para tornar-se ativa, voluntária: observo o que quero, porque quero, como quero, da forma que quero, quando quero observar.

Se pedirmos a um amigo que descreva alguém, ele pode dizer genericamente: alto, magro, de meia-idade: ou então ser bem específico: tem aproximadamente 1 metro e oitenta, é magro, está vestido com uma calça azul, camisa branca, tênis, jaqueta de couro marrom, tem cabelos escuros, encaracolados, curtos, olhos azuis, usa costeletas, tem um sinal escuro do lado direito do rosto e cerca de 40 anos.

Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente, se eu estiver procurando tal pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com mais facilidade.

OLIVEIRA, J. e GARCEZ, L. Explicando a Arte. Ed. Nova Fronteira. 2001.

  1. (FGV / Analista Legislativo Administração 2018)

 O penúltimo parágrafo do texto traz exemplos de textos descritivos. A característica determinante desse modo de organização textual é

(A) o fornecimento de informações.

(B) a apresentação de diferentes pontos de vista.

(C) o relato de fatos em sucessão cronológica.

(D) a tentativa de convencimento do leitor.

(E) a indicação de dados de um objetivo.

Comentário: O texto descritivo enumera elementos, trazendo o máximo de informações possível dentro da ideia de descrição.

Na alternativa (A), o fornecimento de informações caracteriza melhor um texto dissertativo expositivo.

Na alternativa (B), a apresentação de diferentes pontos de vista é realizada em um dissertativo argumentativo.

Na alternativa (C), o relato de fatos em sucessão cronológica é típico de um texto narrativo.

Na alternativa (D), a tentativa de convencimento do leitor é característica de um texto dissertativo argumentativo.

Portanto, a alternativa correta é a (E), pois a indicação de dados de um objetivo caracteriza um texto descritivo.

Gabarito: E

  1. (FGV / Analista Legislativo Administração 2018)

Uma das classes de palavras mais frequentes em descrições é a dos adjetivos que podem indicar estados, características, qualidades ou relações.

Os adjetivos predominantes nos segmentos descritivos são os indicadores de

(A) qualidade.

(B) estado.

(C) traço psicológico.

(D) característica.

(E) relação.

Comentário: Na alternativa (A), “qualidade” é o atributo numa escala de valores: bom ou ruim (homem elegante, perverso.)

Na alternativa (B), “estado” é a situação em um momento dado: casa arruinada, laranjeira florida.

Na alternativa (C), traço psicológico é transmitido quando se está feliz, triste, enojado, comprometido, por exemplo.

A alternativa (D) é a correta, pois as características transitem a individualidade do ser, aquilo que o distingue do outro, uma particularidade, uma tipicidade: mulher morena, alta.

Na alternativa (E), esses adjetivos apresentam relação a tempo, espaço, como nota mensal, vinho português.

Gabarito: D

A organização das frases nas situações comunicativas: a colaboração e a relevância; os atos de fala.

Para que uma comunicação seja bem sucedida, foram propostas, por Grice, as máximas conversacionais:

▪Máxima da Qualidade

▪Máxima da Quantidade

▪Máxima da Relevância

▪Máxima do Modo

Máxima da qualidade ou da veracidade

Tem como princípio que se faça uma contribuição conversacional tanto quanto possível verdadeira, em particular, não afirme o que acredita ser falso e não afirme aquilo para o que não dispõe de dados suficientes. Tomemos para exemplo a sequência seguinte:

A – Brasília é a capital do Brasil?

B – Sim.

Constituiriam enunciados desviantes, de acordo com a máxima da qualidade, os seguintes:

Não sei.

Claro que não.

Depende.

Máxima da quantidade

Tem como princípio que se produza uma contribuição nem mais nem menos informativa do que aquilo que é requerido pelos objetivos da conversa.

Por exemplo, amigos que se reencontram 10 anos após a faculdade em cidade diversa de onde eles se conheceram:

A – Onde você está morando?

B – No Rio de Janeiro.

Como respostas que desrespeitam essa máxima poderiam surgir as seguintes:

No Brasil.

Numa cobertura de 400m², na Barra da Tijuca, rua Ildebrando Muniz, esquina com a avenida Monsenhor Gustavo, número 450, cobertura A.

Máxima da relevância (ou relação)

Implica que as contribuições discursivas revelem uma relação de pertinência com o objetivo da conversa; deve haver, por exemplo, uma relação de pertinência entre a informação fornecida por B e uma pergunta ou pedido/convite formulado anteriormente por A.

Essa máxima traz a simplicidade como princípio básico e preconiza que o produtor do texto deve primar pela relevância, ou seja, deve dizer o que está relacionado ao tópico conversado ou, caso contrário, pode provocar problemas de coerência numa produção textual:

A – Está um belo dia de sol. Vou à praia.

B – Ainda não acabei os relatórios dos seminários.

Implicatura: (B) não vai à praia.

Máxima do Modo

Entendida como não relacionada ao que é dito, mas, antes, como o que é dito deve ser dito:

Seja claro: evite a obscuridade da expressão, evite ambiguidade.

Seja breve (evite a prolixidade desnecessária).

Seja metódico, ordenado.

  1. (FGV / PCERJ Auxiliar Policial de Necropsia 2022)

Num passeio, alguém pergunta a um dos acompanhantes:

– Que horas são?

A resposta mais relevante para essa pergunta é:

(A) Não sei, mas estou com uma fome danada;

(B) Deve ser tarde porque o sol já está se pondo;

(C) Ali na esquina, vamos ver no relógio da torre;

(D) Hora de voltar, pois já estou cansado;

(E) Para que ficar preocupado com a hora?

Comentário: A questão explora a máxima de quantidade, pois pede o horário exato de algo, mas as respostas das alternativas não correspondem exatamente.

Assim, as respostas desviantes das alternativas (A), (B), (D) e (E) violam a máxima da quantidade. A alternativa (C), apesar de não responder diretamente, é a única que se compromete adiante a responder diretamente a esse pedido: Ali na esquina, vamos ver no relógio da torre.

Assim, a alternativa (C) é a correta.

Gabarito: C

  1. (FGV / TJ RO Analista Judiciário 2021)

Observe o seguinte diálogo entre mãe e filha, quando esta volta do cabeleireiro:

Mãe: “O que é que houve? Você acabou não indo?”

A recomendação sobre a língua escrita que foi seguida nessa pergunta feita pela mãe é que sua fala:

(A) seja o mais informativa que requeira o propósito da conversação;

(B) seja a expressão da verdade;

(C) seja relevante;

(D) seja breve;

(E) evite a obscuridade.

Comentário: Esta questão explora a máxima conversacional de modo, pois ela prima pela clareza, objetividade (seja breve) e a ordenação lógica das ideias:

Seja claro: evite a obscuridade da expressão, evite ambiguidade.

Seja breve (evite a prolixidade desnecessária).

Seja metódico, ordenado.

Na conversa, a mãe possivelmente não gostou do cabelo ou não percebeu mudança no visual do cabelo da filha, por isso ela pergunta se ela realmente foi ao cabeleireiro. Assim, em vez de dar aquele sermão mostrando que não gostou ou explicando por que não gostou, simplesmente ela pergunta e a filha, por conhecer os hábitos da mãe, entende que a mãe possivelmente não gostou. Isso demonstra concisão, brevidade de palavras. Assim, a alternativa (D) é a correta.

Gabarito: D

 

A linguagem lógica e a figurada.

As palavras podem ser empregadas em sentido literal ou figurativo. Por esse motivo, elas são divididas em dois grupos: denotativo e conotativo.

Denotação é o sentido literal da palavra. Por exemplo, podemos dizer:

A onça é uma fera.

O vocábulo “fera” significa “animal bravio e carnívoro”. Esse é o seu sentido literal. Mas, por associação, visto que as feras têm muita astúcia, agilidade, agressividade, esse vocábulo ganha uma dimensão além do literal. É o que chamamos de conotação. Este sentido normalmente aparece nos dicionários com a abreviatura “fig.”.

Por associação à ideia de agilidade, podemos dizer:

Ele é uma fera no computador.

Podemos, também, associá-lo à braveza:

O meu chefe está uma fera comigo.

Vamos a mais alguns exemplos de denotação, agora com a palavra “joia”:

Essa joia em seu pescoço está há várias gerações em nossa família.

            O rubi é uma joia que encanta meus olhos.

            Aquele vaso, provavelmente chinês, é uma joia de raro acabamento.

 

Vamos comparar com o sentido conotativo:

Ela é uma joia de menina.

Que joia esse cachorrinho!

Minha irmã se tornou uma joia muito especial.

 

Os diversos níveis de linguagem.

Para nosso estudo, devemos entender que temos uma norma que rege a língua escrita, que é a gramática. No entanto, a fala não trata de uma convenção, mas do modo como cada um utiliza esse acordo. Portanto, a língua falada é mais desprendida de regras, e, portanto, mais espontânea. Por esse motivo, está suscetível a transformações, diariamente. A mudança na escrita começa sempre a partir da língua falada, por isso, esta é tão importante quanto a língua escrita. Contudo, não é toda alteração na fala que é reconhecida na escrita, mas somente aquelas que têm significação relevante à sociedade.

O que determinará o nível de linguagem empregado é o meio social no qual o indivíduo se encontra. Portanto, para cada ambiente sociocultural há uma medida de vocabulário, um modo de se falar, uma entonação empregada, uma maneira de se fazer a combinação das palavras, e assim por diante.

Com base nessas considerações, não se deve pensar a comunicabilidade pelas noções de certo e errado, mas pelos conceitos de adequado e inadequado, segundo determinado contexto. Assim, não se obriga que um adolescente, reunido a outros em uma lanchonete, assim se expresse: “Vamos ao shopping assistir a um filme” (linguagem culta), mas admite-se: “Vamos no shopping assistir um filme” (linguagem coloquial).

Com base nisso, vamos aos principais níveis de linguagem:

A linguagem culta ou padrão

É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências que se apresentam com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.

A linguagem culta pode ser formal ou informal. Isso depende da intenção comunicativa e do meio utilizado para tal. Pode haver comunicação de acordo com a norma culta como no exemplo:

Prefeito, como pode uma ciclovia à beira-mar se esfacelar como papel, após uma onda mais alta. Será que você e sua prefeitura realmente pensaram na segurança?”

Veja que todas as palavras estão de acordo com a norma culta, mesmo percebendo que o pronome “você”, relacionando-se a uma personalidade política, não seria o ideal.

Mas não podemos dizer que esse emprego estaria incorreto gramaticalmente, pois, fora do contexto político, formal, cabe o direcionamento a esta pessoa como “você”, como num bate-papo entre amigos políticos, familiares do prefeito, por exemplo. O contexto não requer o tratamento cerimonioso.

Muitas vezes essa informalidade é vista nas crônicas, em jornais, revistas, textos literários, cartas pessoais e comunicações não oficiais. Isso dá ao texto um desprendimento do rito, da formalidade, o qual a linguagem jornalística muitas vezes procura implementar.

Claro que um crítico político não usaria o pronome “você” direcionando-se a um prefeito, pois o contexto não permite; mas cabe numa crônica livre, humorística, por exemplo.

Assim, a mesma comunicação acima agora realizada de maneira formal seria assim:

Senhor Prefeito, como pode uma ciclovia à beira-mar se esfacelar como papel, após uma onda mais alta. Será que Vossa Excelência e sua prefeitura realmente pensaram na segurança?”

A linguagem popular ou coloquial

É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (desvios de regência e concordância; desvios de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias.

A linguagem popular está presente nas mais diversas situações: conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório), novelas, expressão dos estados emocionais etc.

Gíria

Relaciona-se ao cotidiano de grupos sociais “estudantes, esportistas, prostitutas, ladrões”. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas pelo próprio grupo; mas, muitas vezes, o palavreado ganha gosto da comunidade em geral, é veiculado pela mídia e assim se espalha rapidamente. Veja:

Primeiro, ela pinta como quem não quer nada. Chega na moral, dando uma de Migué, e acaba caindo na boca do povo. Depois desta ratina, vira lero-lero, sai de fininho e some. Mas, às vezes, volta arrebentando, sem o menor aviso. Afinal, qual é a da gíria?” (Cássio Schubsky, Superinteressante)

Jargão

Assim como ocorre com a gíria, o jargão é vocabulário típico de um grupo e neste caso o grupo está relacionado com uma especialidade profissional. São expressões que aproximam as ideias veiculadas rotineiramente no trabalho. Um exemplo de jargão na economia, por exemplo, é a expressão “desaquecimento da demanda”, isto é, situação em que se compra menos. É jargão porque tal expressão normalmente é de uso do público interno, isto é, daqueles voltados especificamente à área da economia e um leigo normalmente teria dificuldades de entendimento.

Outro exemplo é o verbo “peticionar”, que na área jurídica, significa entrar com uma ação na justiça.

Mais um exemplo é o verbo “(e)startar”, que vem do inglês “start”, o qual significa início, expressão muito utilizada no meio corporativo.

Os jargões também são conhecidos como bordões, pois são linguagens técnicas voltadas a uma área profissional.

Estrangeirismo

O estrangeirismo são termos estrangeiros incorporados à nossa língua, muito utilizados nos jargões, vistos anteriormente, por serem termos técnicos, mas também no uso quotidiano.

Por exemplo, “spread” é usado como taxa de risco que se paga sobre um empréstimo; “software” faz referência a programas do computador; “’shampoo” é utilizado pelas empresas que vendem cosméticos, a fim de valorizar o produto, mesmo já havendo o vocábulo português “xampu”.

Neologismo

O neologismo é uma palavra recentemente criada e que não está registrada no vocabulário ortográfico da língua portuguesa, como “televisar” (transmitir pela televisão), “principismo” (atitude de intransigência na defesa de princípios), “informatizar” (submeter a tratamento informático).

Linguagem vulgar

Existe uma linguagem vulgar “ligada aos grupos extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar multiplicam-se estruturas com “nóis vai, ele fica”, “eu di um beijo nela”, “Vamo i no mercado”.

Linguagem regional

Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico. Há, no Brasil, por exemplo, falares amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. Veja bem, linguagem regional é aquela característica de certa região e não necessariamente fere os preceitos gramaticais. Há linguagem regional que emprega os padrões gramaticais; há outras que não obedecem a esse padrão.

 

  1. (FGV / TJRS Oficial de Justiça 2020)

É claro que somos livres para falar ou escrever como quisermos, como soubermos, como pudermos. Mas é também evidente que devemos adequar o uso da língua à situação, o que contribui efetivamente para a maior eficiência comunicativa.

Considerando o pensamento do texto e tendo conhecimento das atribuições de um oficial de justiça, chegamos à conclusão de que, nessa atividade, a língua escrita, o nível, o uso ou o registro do idioma deve ser predominantemente:

A) formal, de acordo com os princípios da gramática normativa;

B) informal, em busca de mais ampla compreensão da mensagem;

C) regional, adequando-o ao local onde ocorre a comunicação;

D) popular, tendo em vista que as mensagens são lidas por todos;

E) ultraformal, selecionando vocabulário erudito e construções elaboradas.

Comentário: Sabemos que um cargo na administração pública deve primar pela impessoalidade e pela formalidade, o que se conquista também pela norma culta da linguagem, como se percebe no cargo de oficial de justiça.

Assim, a alternativa (A) é a correta.

Gabarito: A

  1. (FGV / TCE-PI Auditor de Controle Externo 2021)

O texto 4 está expresso em linguagem culta, com obediência às normas gramaticais; o segmento em que ocorre um exemplo de linguagem popular é:

A) “É claro que o modelo direto é pouco adotado, já que o orçamento municipal costuma ser apertado e há outras áreas que as prefeituras devem suprir (saúde e educação, por exemplo)”;

B) “A saída mais comum é contratar empresas para desempenhar essa função”;

C) “Para fazer isso, é preciso realizar uma licitação, procedimento padrão para que uma empresa desempenhe um serviço público”;

D) “O responsável primário pelo transporte público urbano é o poder público municipal”;

E) “É isso que prevê o inciso V do artigo 30 da Constituição Federal”.

Comentário: A expressão “costuma ser apertado”, numa linguagem objetiva e formal, não se referiria a um orçamento municipal. O que fica apertado é um sapato, uma blusa etc. Assim, não há conveniência semântica lógica, conforme exige a formalidade da língua. Isso é fruto da liberdade linguística da linguagem informal. Assim, a alternativa (A) é a correta.

Note que as demais alternativas não apresentam linguagem informal, mas formal e culta.

Gabarito: A

 

Os tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre.

Discurso direto

É a reprodução das palavras de alguém nos termos exatos em que elas foram ditas. Possui algumas características marcantes:

a) Emprego de verbos chamados dicendi ou “de elocução”, do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre outros;

b) Usam-se os seguintes sinais de pontuação:

b1.) dois-pontos, com travessão na outra linha:

 O juiz disse:

 ─ O réu é inocente.

b2.) dois-pontos, seguido de aspas:

O juiz disse: “O réu é inocente”.

b3.) travessão:

“O réu é inocente” ─ disse o juiz

b4.) vírgula:

“O réu é inocente”, disse o juiz

Discurso indireto

É a reprodução da fala de alguém com as palavras do narrador. Ele fala no lugar do personagem:

No discurso indireto, eliminamos os sinais de pontuação e usamos conjunções: que (para afirmação, certificação), se (expressar dúvida, pergunta indireta), como (modo), etc.  Exemplos:

O réu contou como ocorrera o fato. (modo)

O promotor perguntou se o réu poderia explicar melhor. (pergunta indireta)

O juiz disse que o réu era inocente. (afirmação)

 

As funções da linguagem.

Esse tema tem relação com o texto e isso deve ser bem observado durante a realização da prova. Como sempre falamos, não decore nada. Devemos entender os fundamentos, as estruturas.

Devemos entender que cada texto que fazemos, cada gráfico, cada imagem, cada som tem uma finalidade, tem um objetivo a ser alcançado em relação ao seu receptor.

Um pássaro canta para realçar algum comportamento seu em relação à natureza, alguém buzina para alertar alguém, alguém faz um desenho ou uma pintura para demonstrar sua percepção de mundo ou para chamar a atenção sobre algo.

Quando contamos um caso, temos a intenção comunicativa de informar, fazer rir, impressionar etc.

Assim, qualquer texto tem uma intenção comunicativa.

Mesmo quando não estamos com a menor vontade de conversar pela manhã, cansado ainda da noite passada e, no ônibus, quando sentamos, alguém nos cumprimenta e diz “Lindo dia, não?!”. Nossa resposta “seca” e direta “Sim, lindo dia!” demonstra algo para o emissor da mensagem: que não estamos para conversa!

Assim, confirmamos que todo e qualquer texto tem uma intenção, um objetivo na comunicação!

Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação.

Elementos da comunicação

Mas o que são os elementos da comunicação?

Para que tenhamos entendimento sobre a emissão de uma mensagem, precisamos de elementos que o compõem. Veja:

O emissor é aquele que emite, que codifica a mensagem.

O receptor é aquele que recebe, que decodifica a mensagem.

A mensagem é a forma como a mensagem é transmitida pelo emissor. Não é o conteúdo, mas como o emissor transmitiu a informação.

O código é o conjunto de signos usados na transmissão e recepção da mensagem.

O referente é o contexto, o conteúdo, a informação veiculada na mensagem.

O canal é o meio pelo qual circula a mensagem.

Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a comunicação.

Com base na centralização e da predominância dos elementos de comunicação acima, temos a intenção discursiva, a intenção comunicativa do autor. Assim, passar a ter as funções de linguagem.

Funções da linguagem

A Função emotiva (ou expressiva) centraliza- se no emissor, revelando sua opinião, sua emoção, a sua impressão sobre algo. Nela prevalece a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Dizemos que esta é uma linguagem altamente subjetiva, pois parte da visão parcial da primeira pessoa do singular.

Veja um exemplo dessa função:

(Eu) Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo ilusão? Findei a tarefa, erguime, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Seria tudo ilusão?… Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível… Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes.”

(Graciliano Ramos)

            Observe o predomínio da primeira pessoa do singular nos termos grifados acima. Note que o texto parte da impressão, da emoção de alguém. Por dizemos que essa é uma função emotiva ou expressiva ou até subjetiva.

 

Função referencial (ou denotativa) centraliza-se no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. É uma linguagem objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos.

Veja um exemplo dessa função:

“O risco maior que as instituições republicanas hoje correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso agora é fazer funcionar corajosamente as instituições para lhes devolver a credibilidade desgastada. O que é preciso (e já não há como voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a quem doer.”

(O Estado de São Paulo)

            Este é um texto informativo, centrado no argumento, no racional, sem vacilações em emoções ou em linguagem figurada.

Função apelativa (ou conativa) centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.

Veja um exemplo dessa função:

Exemplo da função de linguagem conativa para revisão prova Português TCU

Disponível em: http://www.clickmarket.com.br

            Aqui fica clara a intenção de modificar o comportamento do interlocutor, do receptor da mensagem.

 

Função fática centraliza-se no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações e similares.

Exemplo da função de linguagem fática para revisão prova Português TCU

O canal é a linha com as latinhas, simulando uma ligação telefônica. O emissor apenas testou o canal. Como percebeu que quem atendeu não era a pessoa com quem queria falar, finalizou a comunicação.

 

Função poética centraliza-se na mensagem (na forma como é veiculada), revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas propagandas etc.

O verbo infinitivo

Ser criado, gerar-se, transformar

O amor em carne e a carne em amor; nascer

Respirar, e chorar, e adormecer

E se nutrir para poder chorar

 

Para poder nutrir-se; e despertar

Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir

E começar a amar e então ouvir

E então sorrir para poder chorar.

 

E crescer, e saber, e ser, e haver

E perder, e sofrer, e ter horror

De ser e amar, e se sentir maldito

 

E esquecer tudo ao vir um novo amor

E viver esse amor até morrer

E ir conjugar o verbo no infinito… (Vinícius de Morais)

Note o cuidado com a forma! Um poema é um exemplo clássico da função poética, pois a escolha das estrofes, dos versos, da rima, da métrica em cada verso, tudo isso mostra claramente o envolvimento com escolha das palavras. Além disso, há demonstração de emoção, de imagens sugestivas, etc.

 

Função metalinguística centraliza-se no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem.

Exemplo da função de linguagem metalinguística para revisão prova Português TCU

Normalmente uma placa tem a intenção comunicativa de informar. Assim, tem função predominantemente referencial. Porém, nesta placa a informação encontra-se num trecho bem pequeno: “E tenha cuidado com a ponte à frente”.

A primeira informação é basicamente para explicar um problema da placa, o que gera a ideia de que o código (a placa) fala dele mesmo (as bodas da placa). Assim, há metalinguagem. Isso ocorre também quando um autor explica seu próprio processo criativo, ou quando o autor mostra ao leitor como conseguir extrair do livro o melhor de sua técnica.

Bom! Agora que vimos os elementos de comunicação e as funções de linguagem, devemos entender que, em um mesmo texto, podem aparecer várias funções da linguagem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para então o definir.

(FGV / Prefeitura de Salvador – BA Analista 2017)

“Posso falar de arte e artistas outra vez? Espero que, em algum lugar aí no Brasil, haja leitores e leitoras, mesmo poucos, que se interessem pela figura tão singular e tão fundamental do artista”.

Nesses períodos prevalece a função de linguagem denominada

A) metalinguística.

B) conativa ou apelativa.

C) emotiva ou expressiva.

D) poética.

E) referencial.

Comentário: Note a pergunta feita ao interlocutor e a menção ao lugar onde se encontra a pessoa com quem se fala: “Posso falar de arte e artistas outra vez? Espero que, em algum lugar no Brasil”. Isso marca a função conativa, isto é, o foco está no destinatário. Dessa forma, a alternativa (B) é a correta.

É claro que você poderia ter ficado na dúvida sobre a possibilidade de a alternativa (C) também estar correta, pois a primeira pessoa do singular está expressa: “Posso”, “Espero”.

Mas note que o mais importante no texto não é a expressividade ou o julgamento do autor, mas a resposta do destinatário, entende? Assim, a função conativa ou apelativa é a mais forte no texto.

Gabarito: B

 

Gostou da revisão?

Comente aí!

Compartilhe com seus amigos! Isso pode ajudá-los também!

Se quiser me achar nas redes, aí vai:

Instagram: @decioterror

Youtube: Décio Terror

Telegram: Décio Terror