Para sabermos a diferença entre adjunto adnominal e predicativo, temos que, primeiramente, identificar cada um deles.
O que é o adjunto adnominal?
O adjunto adnominal é o único termo sintático dentro de outro. Ele é um termo acessório, de valor restritivo, o qual é empregado para caracterizar, delimitar, restringir o sentido do núcleo sintático do termo.
Ele pode ser representado por um artigo, um adjetivo, um numeral, um pronome, uma locução adjetiva. Veja um exemplo:
Dizemos que o adjunto adnominal fica dentro de outro termo e você percebe nesta oração que o termo “O meu primeiro grande amigo da escola” é o sujeito, cujo núcleo é o substantivo “amigo”, o qual é delimitado pelos adjuntos adnominais “O” (artigo), “meu” (pronome), “primeiro” (numeral), “grande” (adjetivo) e “da escola” (locução adjetiva).
O nome do termo “adjunto adnominal” já diz tudo, não é?
É o termo que está junto do nome, caracterizando-o, determinando-o, delimitando seu sentido.
Então, ao pensar no termo adjunto adnominal, lembre-se de que ele deve estar “junto” do nome, ok?
Vimos anteriormente o adjunto adnominal dentro do sujeito, mas ele pode estar dentro de qualquer outro termo que tenha como núcleo uma palavra de valor substantivo:
Vi o meu primeiro grande amigo da escola. (objeto direto)
Conversei com o meu primeiro grande amigo da escola. (objeto indireto)
Falei sobre o meu primeiro grande amigo da escola. (adjunto adverbial de assunto)
Fiz referência ao meu primeiro grande amigo da escola. (complemento nominal)
Ele é o meu primeiro grande amigo da escola. (predicativo do sujeito)
Agora vamos ao predicativo para entendermos melhor a diferença entre adjunto adnominal e predicativo.
O que é o predicativo?
Predicativo é um termo da oração que serve para caracterizar outro termo.
A diferença principal entre eles é que o adjunto adnominal está dentro de outro termo, como você viu nos exemplos anteriores (dentro do sujeito, do objeto direto, do objeto indireto etc); já o predicativo é um termo separado de outro.
O predicativo pode estar num predicado nominal ou predicado verbo-nominal
O predicado nominal é aquele que apresenta a estrutura verbo de ligação + predicativo.
O verbo de ligação é chamado de verbo não nocional, pois a sua função essencial é apenas ligar o predicativo (que é característica) ao seu sujeito.
São verbos de ligação os seguintes: ser, estar, permanecer, andar, tornar-se, ficar, continuar, achar-se
Veja alguns exemplos:
Ele é professor.
Ela está feliz.
Ela ficou triste.
Ele permaneceu triste.
Ele anda triste.
Ele continua triste.
Ela tornou-se modelo.
Ela acha-se acamada.
Excluindo-se os pronomes “ele”, “ela” dos exemplos acima, ocorrem os predicados nominais, constituídos dos verbos de ligação (os quais estão sublinhados acima) e os predicativos (destacados em cor azul).
Deve-se destacar que o predicativo é um termo cujo núcleo pode ser constituído por uma palavra de valor substantivo ou de valor adjetivo, como vemos nos exemplos anteriores: “professor” e “modelo” são substantivos; já “feliz”, “triste”, “acamada” são adjetivos.
Assim, dentro de um predicado nominal, não há dúvida sobre a diferença entre adjunto adnominal e predicativo, concorda?
Agora vejamos o predicativo dentro de um predicado verbo-nominal.
O predicativo dentro de um predicado verbo-nominal
Antes de falarmos do predicado verbo-nominal, é interessante entendermos o predicado verbal, pois o nominal você já viu anteriormente, não é mesmo?
O predicado verbal é constituído dos chamados verbos nocionais.
Esses verbos nocionais são os transitivos e o intransitivo.
As estruturas do predicado verbal são as seguintes:
Verbo transitivo direto + objeto direto
Percebi sua luta.
Verbo transitivo indireto + objeto indireto
Duvidei da sua luta.
Verbo transitivo direto e indireto + objeto direto + objeto indireto
Informei o problema ao gerente.
Verbo intransitivo
Viajei.
Assim, nesses exemplos, são verbos nocionais os seguintes: “Percebi”, “Duvidei”, “Informei” e “Viajei”.
Tais verbos, diferentes do verbo de ligação, transmitem, dentre outros, ação.
Quando essa ação é seguida de um adjetivo, aparece aí o predicativo, por conseguinte, ocorre o predicado verbo-nominal. Veja:
Eu corro feliz todos os dias.
Nessa oração, fica claro que o verbo “corro” transmite uma ação, o termo “todos os dias” é um adjunto adverbial de tempo. Assim, se a oração fosse apenas “Eu corro todos os dias”, teríamos aí um predicado verbal.
Porém, a inserção do adjetivo “feliz” com verbo nocional faz o predicado ser verbo-nominal.
Eu corro feliz todos os dias.
Agora vem a pergunta: Dá para confundir o predicativo dentro de um predicado verbo-nominal com o adjunto adnominal?
Nesta estrutura, você percebe que não cabe ao adjetivo a função de adjunto adnominal, porque sabemos que o adjunto adnominal é um termo dentro do outro, e o adjetivo “feliz” caracteriza o sujeito “Eu” e está após o verbo, concorda? Então não está junto do nome, não pode ser adjunto adnominal, mas predicativo do sujeito dentro de um predicado verbo nominal.
Predicativo do sujeito dentro de um predicado verbo-nominal:
Agora vamos a uma oração padrão que normalmente as gramáticas colocam para nos chamar atenção à diferença entre adjunto adnominal e predicativo:
Os alunos saíram da sala de provas confiantes.
A minha pergunta direta a você é saber qual é a função do adjetivo “confiantes” nessa oração.
Se é um adjetivo, então sabemos que poderia ser predicativo ou adjunto adnominal. Mas note a estrutura da oração.
Sabemos que o adjetivo “confiantes” está muito perto do substantivo “provas”, mas a oração quer dizer que as provas são confiantes? Certamente você percebeu que não.
O adjetivo “confiantes” está flexionado no plural para concordar com o sujeito “Os alunos” e logicamente você percebeu que tal adjetivo está bem distante do seu referente, não é mesmo?
Então, não pode ser adjunto adnominal, mas predicativo do sujeito.
Como o verbo “saíram” é nocional (verbo intransitivo), há predicado verbo-nominal.
Assim, vamos analisar sintaticamente cada termo dessa oração:
Os alunos saíram da sala de provas confiantes.
Os: adjunto adnominal;
alunos: núcleo do sujeito;
saíram: verbo intransitivo;
da sala de provas: adjunto adverbial de lugar;
confiantes: predicativo do sujeito (dentro de um predicado verbo-nominal).
Como o adjetivo “confiantes” caracteriza o núcleo do sujeito “alunos”, o autor pode se sentir à vontade de colocá-lo próximo desse referente, mas, para transmitir clareza de sentido, ele deve intercalar por dupla vírgula:
Os alunos, confiantes, saíram da sala de provas.
Assim, as vírgulas enfatizam que o adjetivo “confiantes”, mesmo perto do núcleo do sujeito, não pode ser entendido como adjunto adnominal, mas como predicativo do sujeito dentro de um predicado verbal nominal.
Note-se que o adjunto adnominal não pode ser separado por vírgula.
O predicativo do sujeito dentro do predicado verbo-nominal também pode ser antecipado desde que esteja separado por vírgula. Veja:
Confiantes, os alunos saíram da sala de provas.
Então sejamos claros: não dá para confundir o predicativo do sujeito com o adjunto adnominal, concorda?
O adjunto adnominal fica junto do nome e está dentro de outro termo. Assim, se o adjetivo está longe do núcleo, sabemos que não é adjunto adnominal.
Se o adjetivo estiver separado por vírgula, é fato que não é adjunto adnominal, mas predicativo.
Agora eu lhe faço a seguinte pergunta:
E se na oração “ Os alunos, confiantes, saíram da sala de provas.”, o autor retirasse a dupla vírgula?
Os alunos confiantes saíram da sala de provas.
Agora, o adjetivo se ligou diretamente ao núcleo “alunos” e se tornou o adjunto adnominal e, como o papel semântico do adjunto adnominal é restringir, delimitar o sentido do núcleo, logicamente há mudança de sentido.
Agora, os alunos não ficaram confiantes após realizarem a prova (como se observa com o predicativo dentro do predicado verbo-nominal). O que se entende agora é que, antes mesmo de iniciarem aprova, havia na sala alunos confiantes e alunos não confiantes e saíram apenas os alunos confiantes da sala.
Percebeu a diferença de sentido e a diferença sintática entre o adjunto adnominal e o predicativo dentro de um predicado verbo-nominal?
Agora, vamos ao predicativo do objeto direto
.
Predicativo do objeto direto dentro de um predicado verbo-nominal:
O predicativo do objeto direto ou só pode estar num predicado verbo-nominal, tendo em vista que depende do verbo transitivo.
Veja um exemplo:
Considero impertinentes suas ações.
O verbo “Considero” é transitivo direto, o termo “suas ações” é o objeto direto e qual a função do adjetivo “impertinentes”? Pode ser adjunto adnominal?
Não. Não pode.
O adjetivo “impertinentes” cumpre a função de predicativo do objeto direto.
Note que tal adjetivo caracteriza o objeto direto “suas ações”. (suas ações são impertinentes).
Também note que tal adjetivo está fora do objeto direto “ações”.
Um macete para termos certeza de que o adjetivo está realmente fora do objeto direto é perceber que se pode trocar o objeto direto “suas ações” pelo pronome átono “as”. Assim, podemos notar que o adjetivo “impertinentes” está realmente fora do objeto direto:
Considero-as impertinentes.
Outro macete é perceber que o adjetivo, quando é um adjunto adnominal, nunca fica antes de um artigo ou pronome.
Como “impertinentes” está antes do pronome “suas”, é certo que ele está fora do objeto direto:
Considero impertinentes suas ações.
Veja agora o adjetivo “impertinentes” como adjunto adnominal:
As suas ações impertinentes prejudicaram o evento.
As suas impertinentes ações prejudicaram o evento.
Agora “impertinentes” é adjunto adnominal dentro do sujeito e está junto do nome “ações”. Note que se pode até antecipar o adjetivo, mas não se pode colocá-lo antes do pronome “suas” ou do artigo “As”.
Agora veja um caso de ambiguidade (dupla possibilidade de interpretação):
Muitas vezes é explorada em prova a ambiguidade com base na diferença entre adjunto adnominal e predicativo. Veja:
O magistrado julgou as medidas inaplicáveis.
Veja que podemos entender essa oração de duas formas:
A primeira é que o magistrado julgou algumas medidas e ele as considerou como inaplicáveis. Assim, “inaplicáveis” é o resultado da ação de julgar.
Macete 1
Seguindo o macete 1, poderíamos reescrever para tirar a ambiguidade e ter certeza de que o adjetivo é predicativo do objeto, trocando o objeto direto “tais medidas” pelo pronome “as”:
O magistrado julgou-as inaplicáveis.
Assim, entendemos que o adjetivo “inaplicáveis” está fora do objeto direto, com isso sabemos que é predicativo do objeto direto.
Para ficar mais clara a construção, podemos lançar mão do objeto direto pleonástico:
As medidas, o magistrado julgou-as inaplicáveis.
Macete 2
Seguindo o macete 2, poderíamos reescrever para tirar a ambiguidade e ter certeza de que o adjetivo é predicativo do objeto, trocando a posição do adjetivo para antes do artigo “as”.
O magistrado julgou inaplicáveis as medidas.
Assim, entendemos que o adjetivo “inaplicáveis” está fora do objeto direto, com isso sabemos que é predicativo do objeto direto.
Macete 3
Outro macete é que o predicativo do objeto normalmente admite ser precedido do vocábulo “como”:
O magistrado julgou as medidas como inaplicáveis.
O magistrado julgou-as como inaplicáveis.
O magistrado julgou como inaplicáveis as medidas.
Mas também podemos entender que o magistrado vai começar a julgar as medidas já consideradas por outras pessoas como inaplicáveis, mas ele ainda não deu o veredito.
Macete 1
Seguindo o macete 1, poderíamos reescrever para tirar a ambiguidade e ter certeza de que o adjetivo é adjunto adnominal, trocando o objeto direto “tais medidas inaplicáveis” pelo pronome “as”:
O magistrado julgou-as.
Assim, entendemos que o adjetivo “inaplicáveis” está dentro do objeto direto, com isso sabemos que é adjunto adnominal.
Para ficar mais clara a construção, podemos lançar mão do objeto direto pleonástico:
As medidas inaplicáveis, o magistrado julgou-as.
Macete 2
Seguindo o macete 2, poderíamos reescrever para tirar a ambiguidade e ter certeza de que o adjetivo é adjunto adnominal, trocando a posição do adjetivo para depois do artigo “as”.
O magistrado julgou as inaplicáveis medidas.
Assim, entendemos que o adjetivo “inaplicáveis” está dentro do objeto direto, com isso sabemos que é adjunto adnominal.
Agora vamos a uma atividade:
Desfaça a ambiguidade das seguintes frases conforme os macetes da explicação anterior:
- Achei sua camisa manchada.
Macete 1 para achar o predicativo do objeto direto:
Macete 2 para achar o predicativo do objeto direto:
Macete 1 para achar o adjunto adnominal:
Macete 2 para achar o adjunto adnominal:
- Deixei o corredor limpo.
Macete 1 para achar o predicativo do objeto direto:
Macete 2 para achar o predicativo do objeto direto:
Macete 1 para achar o adjunto adnominal:
Macete 2 para achar o adjunto adnominal:
- Considero suas ideias inexequíveis.
Macete 1 para achar o predicativo do objeto direto:
Macete 2 para achar o predicativo do objeto direto:
Macete 1 para achar o adjunto adnominal:
Macete 2 para achar o adjunto adnominal:
Resposta da atividade:
- Achei sua camisa manchada.
Macete 1 para achar o predicativo do objeto direto:
Achei-a manchada.
Macete 2 para achar o predicativo do objeto direto:
Achei manchada sua camisa.
Macete 1 para achar o adjunto adnominal:
Achei-a.
Sua camisa manchada, achei-a. (pleonasmo)
Macete 2 para achar o adjunto adnominal:
Achei sua manchada camisa.
- Deixei o corredor limpo.
Macete 1 para achar o predicativo do objeto direto:
Deixei-o limpo. (isto é, limpei-o)
Macete 2 para achar o predicativo do objeto direto:
Deixei limpo o corredor. (isto é, limpei-o)
Macete 1 para achar o adjunto adnominal:
Deixei-o. (isto é, saí dele)
O corredor limpo, deixei-o. (isto é, saí dele)
Macete 2 para achar o adjunto adnominal:
Deixei o limpo corredor. (isto é, saí dele)
- Considero suas ideias inexequíveis.
Macete 1 para achar o predicativo do objeto direto:
Considero-as inexequíveis.
Macete 2 para achar o predicativo do objeto direto:
Considero inexequíveis suas ideias.
Macete 1 para achar o adjunto adnominal:
Considero-as. (Levo em consideração as suas ideias inexequíveis)
Suas ideias inexequíveis, considero-as. (pleonasmo)
Macete 2 para achar o adjunto adnominal:
Considero suas inexequíveis ideias. (Levo em consideração as suas ideias inexequíveis)
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