A busca pela aprovação em concursos públicos é um desafio que exige dedicação, preparo e, acima de tudo, domínio das disciplinas que compõem o certame. Entre elas, a prova de português assume papel crucial, sendo um verdadeiro termômetro do nível de comunicação e interpretação dos candidatos. No contexto específico do concurso da Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC), a prova de português emerge como um ponto-chave, demandando dos concorrentes não apenas conhecimentos gramaticais, mas também habilidades analíticas e argumentativas.
Neste artigo, exploraremos os desafios e nuances enfrentados pelos candidatos nesta etapa crucial, destacando aspectos relevantes e estratégias que podem contribuir para o sucesso na busca pela tão almejada vaga na PCSC.
Segue a prova e o gabarito comentado de Português PC SP 2023 Investigador
Você pode baixar a prova original em PDF abaixo:
PC-SP – Caderno de Investigador
Leia o poema, para responder às questões de números 17 a 20.
Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras.
Sou formado em desencontros.
A sensatez me absurda.
Os delírios verbais me terapeutam.
Posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo).
(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso
porque não encontrava um título para os seus poemas. Um título que harmonizasse os seus conflitos.
Até que apareceu Flores do mal. A beleza e a dor.
Essa antítese o acalmou.)
As antíteses congraçam.
(Manoel de Barros, Livro sobre nada.)
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Um dos recursos de que se vale o eu lírico para produzir efeitos de sentido poéticos consiste em
(A) tratar a poesia como projeto de contestação da linguagem, por meio do emprego de termos em desuso na língua.
(B) declinar de seu ofício de poeta, ao se identificar com a dificuldade de Baudelaire de criar antíteses.
(C) propor ao leitor uma releitura do conceito de poesia, empregando verbos e adjetivos fora de contexto.
(D) expressar sua subjetividade por meio de referências à dificuldade do ofício de ser poeta, de modo a dar-lhe ares de importância.
(E) apresentar recriações, tais como a conjugação de substantivos, as quais ele chama de delírios verbais.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois essa poesia não transmite contestação, nem palavras em desuso na língua. Pelo contrário, o eu lírico cria novas palavras e expressões que não existem na língua comum.
A alternativa (B) está errada, pois não há nenhum vestígio no texto que indique ou sugira que o poeta tivesse declinado de seu ofício, que tivesse desistido de fazer poesia. Na verdade, ele utiliza a experiência de Baudelaire como exemplo para expressar como as antíteses o acalmam.
A alternativa (C) está errada, pois o eu lírico não propõe uma releitura do conceito de poesia empregando verbos e adjetivos fora de contexto. Pelo contrário, ele utiliza recursos estilísticos para produzir efeitos de sentido poéticos. Assim, tais palavras estão, sim, contextualizadas.
A alternativa (D) está errada. É fato que o eu lírico expressou sua subjetividade, e isso é notado por meio de suas impressões em primeira pessoa do singular. Porém, não há nenhuma indicação no texto de que ele tenha feito isso com a intenção mostrar uma suposta dificuldade do ofício de ser poeta, de modo a dar-lhe ares de importância. Na realidade, ele afirma que os delírios verbais o terapeutam.
A alternativa (E) é a correta, pois realmente o texto apresenta recriações, tais como a conjugação de substantivos (“absurda”, “terapeutam”), as quais ele chama de delírios verbais. Esses delírios verbais são uma forma de criar novas palavras e expressões que não existem na língua comum, o que contribui para a originalidade e a criatividade da poesia moderna.
Gabarito: E
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Os dois últimos versos – Essa antítese o acalmou.) / As antíteses congraçam. – expressam a ideia, desenvolvida no poema, de que a criação poética consiste em
(A) conceber novas formas de abordar os temas, priorizando a clareza das ideias.
(B) desafiar a coerência e produzir efeitos estéticos a partir de expressões inusitadas.
(C) conciliar as expectativas do leitor com o máximo de criatividade da linguagem.
(D) imitar poetas consagrados, para também alcançar reconhecimento.
(E) traduzir a subjetividade em dados reconhecíveis da realidade do leitor.
Comentário: A antítese é uma figura de linguagem que consiste na aproximação de palavras ou expressões de sentido oposto, como “beleza e dor” mencionado no poema.
Essa técnica é utilizada para produzir efeitos estéticos e criar novas formas de expressão que desafiam a coerência e a lógica da linguagem comum, como se observa nos versos:
“Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras”, “Sou formado em desencontros”, “A sensatez me absurda”, “Os delírios verbais me terapeutam”, “As antíteses congraçam”.
Dessa forma, entendemos que a intenção da utilização da antítese é subverter a lógica. Por isso, a alternativa (B) é a correta: desafiar a coerência e produzir efeitos estéticos a partir de expressões inusitadas.
Dessa forma, percebemos que a antítese no texto não tem a intenção de transmitir clareza das ideias ou conciliar as expectativas do leitor, tampouco imitar poetas consagrados, nem transmitir dados reconhecíveis da realidade do leitor.
Por isso, as demais alternativas estão erradas.
Gabarito: B
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
As palavras “sensatez” (3º verso) e “congraçam” (11º verso) têm, respectivamente, como sinônimo:
(A) resolução e animam.
(B) prudência e monopolizam.
(C) reserva e destroem.
(D) comedimento e conciliam.
(E) submissão e desgraçam.
Comentário: No contexto do poema, “sensatez” refere-se à qualidade de ser sensato, prudente, enquanto “congraçam” sugere a ideia de conciliar, harmonizar. Portanto, “comedimento” e “conciliam” são termos que se aproximam dos significados dessas palavras no contexto apresentado e a alternativa (D) é a correta.
Gabarito: D
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
O pronome “o” em – Essa antítese o acalmou – representa o complemento do verbo, tal como ocorre com a expressão destacada na passagem:
(A) … não encontrava um título para os seus poemas.
(B) Os delírios verbais me terapeutam.
(C) Até que apareceu Flores do mal.
(D) Sou formado em desencontros.
(E) … passou muitos meses tenso…
Comentário: O complemento do verbo é o objeto direto ou objeto indireto.
A alternativa (A) é a correta, pois “encontrava” é verbo transitivo direto e “um título” é o objeto direto.
Na alternativa (B), o termo “Os delírios verbais” é o sujeito.
Na alternativa (C), o termo “Flores do mal” é o sujeito.
Na alternativa (D), o termo “em desencontros” é o complemento nominal do adjetivo “formado”.
Na alternativa (E), o termo “muitos meses” é o adjunto adverbial de tempo.
Gabarito: A
Leia o texto, para responder às questões de números 21 a 25.
A igualação e a desigualdade
A ditadura da sociedade de consumo exerce um totalitarismo simétrico ao de sua irmã gêmea, a ditadura da organização desigual do mundo.
A maquinaria da igualação compulsiva atua contra a mais bela energia do gênero humano, que se reconhece em suas diferenças e através delas se vincula. O melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém, as diferentes músicas da vida, suas dores e cores: as mil e uma maneiras de viver e de falar, crer e criar, comer, trabalhar, dançar, brincar, amar, sofrer e festejar que temos descoberto ao longo de milhares e milhares de anos.
A igualação, que nos uniformiza e nos apalerma, não pode ser medida. Não há computador capaz de registrar os crimes cotidianos que a indústria da cultura de massas comete contra o arco-íris humano e o humano direito à identidade. Mas seus demolidores progressos saltam aos olhos. O tempo vai se esvaziando de história e o espaço já não reconhece a assombrosa diversidade de suas partes. Através dos meios massivos de comunicação, os donos do mundo nos comunicam a obrigação que temos todos de nos contemplar num único espelho, que reflete os valores da cultura de consumo.
Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.
(Eduardo Galeano, De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso)
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
É correto afirmar que o autor assume a tese de que, na sociedade de consumo,
(A) existe uma desconstrução do sentido de vida social solidária.
(B) propõe-se uma nova perspectiva de vida, fundada na fruição do momento.
(C) há uma estandardização que descaracteriza as individualidades.
(D) vive-se uma realidade projetada para preservar valores pessoais.
(E) propaga-se a igualdade como forma de manter o senso de coletividade.
Comentário: O texto aborda a tese de que, na sociedade de consumo, há uma estandardização que descaracteriza as individualidades. Por isso, a alternativa (C) é a correta.
O autor argumenta que a maquinaria da igualação compulsiva atua contra a mais bela energia do gênero humano, que se reconhece em suas diferenças e através delas se vincula (2º parágrafo). Este trecho ressalta a ideia de que a igualação compulsiva vai contra a beleza da diversidade humana.
Ainda no mesmo parágrafo, ele afirma que o melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém, as diferentes músicas da vida, suas dores e cores, as mil e uma maneiras de viver e de falar, crer e criar, comer, trabalhar, dançar, brincar, amar, sofrer e festejar que temos descoberto ao longo de milhares e milhares de anos.
No entanto, no terceiro parágrafo, é afirmado que a igualação, que nos uniformiza e nos apalerma, não pode ser medida. Através dos meios massivos de comunicação, os donos do mundo nos comunicam a obrigação que temos todos de nos contemplar num único espelho, que reflete os valores da cultura de consumo. Este ponto do texto nos sugere que a cultura de massas atua prejudicando a diversidade e a identidade humanas e como os meios de comunicação influenciam a obrigatoriedade de se conformar a um único padrão, refletindo os valores da cultura de consumo.
Portanto, confirmamos que esses trechos sustentam a ideia de que a sociedade de consumo busca a estandardização, prejudicando as individualidades.
A alternativa (A) está errada, pois o texto não aborda diretamente uma desconstrução do sentido de vida social solidária. Na realidade, a crítica principal é voltada para a uniformização e estandardização promovidas pela sociedade de consumo.
A alternativa (B) está errada, pois o texto não sugere uma nova perspectiva de vida baseada na fruição do momento. Pelo contrário, destaca as perdas decorrentes da uniformização e da ditadura da sociedade de consumo.
A alternativa (D) está errada, pois o texto não afirma que se vive uma realidade projetada para preservar valores pessoais. Pelo contrário, ele argumenta que a maquinaria da igualação compulsiva atua contra a mais bela energia do gênero humano, que se reconhece em suas diferenças e através delas se vincula.
A alternativa (E) está errada, pois a igualdade mencionada no texto é criticada como uma imposição uniformizadora que prejudica a diversidade e a individualidade. Portanto, a igualdade aqui não é vista como algo positivo para manter o senso de coletividade, mas como uma força homogeneizadora.
Gabarito: C
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
De acordo com o texto, a chamada “ditadura da sociedade de consumo” tem expressão
(A) em populações que prestigiam as atividades que produzem mais bem-estar.
(B) em aspirações direcionadas à posse de bens, forma de simulação do estar no mundo.
(C) nas possibilidades de ascensão por meio do esvaziamento do domínio do outro.
(D) em delitos comuns contra a humanidade praticados no dia a dia pelos indivíduos.
(E) no progresso que a comunicação de massa é capaz de propiciar à população mundial.
Comentário: O texto destaca como a sociedade de consumo impõe uma igualação compulsiva, promovendo a uniformização das pessoas com base na posse de bens materiais. A ideia é que a posse desses bens é muitas vezes utilizada como uma forma de simulação do “estar no mundo”, refletindo os valores da cultura de consumo.
Assim, a chamada “ditadura da sociedade de consumo” tem expressão em aspirações direcionadas à posse de bens, forma de simulação do estar no mundo.
Por isso, a alternativa (B) é a correta.
A alternativa (A) está errada, pois o texto não enfatiza a população que prestigia atividades que produzem bem-estar, mas sim critica a imposição de valores da cultura de consumo, especialmente relacionados à posse de bens materiais.
A alternativa (C) está errada, pois o texto não aborda diretamente a ascensão por meio do esvaziamento do domínio do outro. Ele não enfatiza diretamente a competição entre um e outro. A crítica está centrada na imposição de valores uniformizadores pela sociedade de consumo.
A alternativa (D) está errada, pois não há elementos no texto que sugira que a ditadura da sociedade de consumo se manifesta em delitos comuns praticados pelos indivíduos no dia a dia. A crítica está voltada para a imposição de valores e a perda da diversidade cultural.
A alternativa (E) está errada, pois o texto não elogia, não destaca o progresso à população mundial da comunicação de massa, mas sim como essa comunicação de massa é utilizada para impor valores específicos da cultura de consumo, uniformizando as pessoas.
Gabarito: B
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Observe o emprego de dois-pontos e da vírgula na passagem:
Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.
É correto afirmar que os dois-pontos sinalizam a introdução de
(A) uma enumeração que detalha a afirmação “Quem não tem não é”, enquanto a vírgula está empregada para isolar o vocativo.
(B) informações que exemplificam as ideias de “ter” e “ser”, enquanto a vírgula está empregada para separar orações vinculadas a um mesmo sujeito.
(C) uma sequência de itens que complementam a oração anterior, enquanto a vírgula está empregada para isolar o aposto.
(D) afirmações que contradizem o que consta na afirmação anterior, enquanto a vírgula está empregada para separar orações com sujeitos independentes.
(E) dados para detalhar a afirmação precedente, enquanto a vírgula está empregada para destacar a oposição de ideias em sequência.
Comentário: Vamos explorar primeiramente o emprego da vírgula.
O verbo “está” tem como sujeito as orações “quem não tem carro” e “não usa sapato de marca ou perfume importado”.
Assim, entendemos que quem está fingindo existir é quem não tem carro, quem não usa sapato de marca ou quem não usa perfume importado.
Assim, notamos que a vírgula separou as duas orações que apresentam a mesma função sintática. Assim, ocorre enumeração.
Dessa forma, eliminamos a alternativa (A), pois não há vocativo, a alternativa (C), pois não há aposto, a alternativa (D), pois não são sujeitos independentes e a alternativa (E), pois não há oposição de ideias.
Assim, a alternativa (B) é a correta, pois as orações possuem o mesmo sujeito: “quem”.
Portanto, conseguimos perceber que o sinal de dois-pontos sinaliza a introdução de informações que exemplificam as ideias de “ter” e “ser”. É como se subentendêssemos a expressão “por exemplo”. Compare:
Quem não tem não é: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.
Quem não tem não é, por exemplo: quem não tem carro, não usa sapato de marca ou perfume importado está fingindo existir.
Gabarito: B
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Assinale a alternativa em que o trecho destacado pode ser substituído pelo que está entre colchetes, segundo a norma-padrão de emprego do sinal indicativo de crase.
(A) A maquinaria da igualação compulsiva atua contra a mais bela energia do gênero humano… [contrariamente à toda bela energia]
(B) Não há computador capaz de registrar os crimes cotidianos… [hábil à registrar os crimes cotidianos]
(C) … num único espelho, que reflete os valores da cultura… [dá visibilidade à certos valores da cultura]
(D) … comete contra o arco-íris humano e o humano direito à identidade. [direito à alguma identidade]
(E) A ditadura da sociedade de consumo exerce um totalitarismo simétrico ao de sua irmã gêmea… [proporcional àquele de sua irmã gêmea]
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não cabe artigo “a” diante do pronome indefinido “toda”, por isso não cabe crase.
A alternativa (B) está errada, pois não cabe artigo “a” diante de verbo (“registrar”), por isso não cabe crase.
A alternativa (C) está errada, pois não cabe artigo “a” diante de palavra masculina plural (“valores”), por isso não cabe crase.
A alternativa (D) está errada, pois não cabe artigo “a” diante do pronome indefinido “alguma”, por isso não cabe crase.
A alternativa (E) é a correta, pois “proporcional” rege a preposição “a” e o pronome demonstrativo “aquele” é iniciado com a vogal “a”. Assim, cabe crase.
Gabarito: E
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
A nova redação dada à passagem – O melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém… – está de acordo com a norma-padrão de emprego de tempos e modos verbais em:
(A) Seria desejável que o melhor que o mundo tiver esteja nos muitos mundos que o mundo conter.
(B) Era desejável que o melhor que o mundo tivesse estava nos muitos mundos que o mundo conterá.
(C) Será desejável que o melhor que o mundo teve estava nos muitos mundos que o mundo contivesse.
(D) É desejável que o melhor que o mundo tenha esteja nos muitos mundos que o mundo contiver.
(E) Será desejável que o melhor que o mundo tem estará nos muitos mundos que o mundo conter.
Comentário: Na frase do texto “O melhor que o mundo tem está nos muitos mundos que o mundo contém”, todos os verbos estão no presente do indicativo.
A alternativa (A) está errada, pois o futuro do pretérito do indicativo (“seria”) não combina com o futuro do subjuntivo (“tiver”), nem com o presente do subjuntivo (“esteja”).
A alternativa (B) está errada, pois o pretérito imperfeito do indicativo (“Era”) não combina com o futuro do presente do indicativo (“conterá”).
A alternativa (C) está errada, pois o futuro do presente do indicativo (“Será”) não combina com o pretérito perfeito do indicativo (“teve”), nem com o pretérito imperfeito do indicativo (“estava”), nem com o pretérito imperfeito do subjuntivo (“contivesse”).
A alternativa (D) é a correta, pois o presente do indicativo “É” combina com o presente do subjuntivo (“tenha” e “esteja”) e com o futuro do subjuntivo “contiver”. Veja:
É desejável que o melhor que o mundo tenha esteja nos muitos mundos que o mundo contiver.
A alternativa (E) está errada, pois o futuro do presente do indicativo “Será” não combina com o infinitivo “conter”, mas com o futuro do subjuntivo “contiver”.
Gabarito: D
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Observe a charge.
Valendo-se do recurso à linguagem visual figurada, a charge é uma alegoria das relações humanas, representando,
(A) criticamente, a coisificação do ser manipulado pelo exercício da força e do poder.
(B) analiticamente, o contexto da sociedade contemporânea, em suas vicissitudes.
(C) objetivamente, a possibilidade de rompimento das amarras que cercam o homem.
(D) imparcialmente, a legitimação do jugo do forte sobre o desfavorecido da sorte.
(E) simbolicamente, a insurreição do frágil à imposição da mão soberana do opressor.
Comentário: Observe a imagem e os personagens:
Fica claro que o personagem da esquerda tem relação de poder sobre o da direita. Note que o da esquerda é mais alto, está numa cadeira maior e acolchoada. Além disso, ele está de posse de cordéis de marionete, que manipula o outro, o qual se encontra numa cadeira de pior qualidade, está numa posição mais baixa e de postura subserviente.
Dessa forma, entendemos que a charge trata, criticamente, da coisificação do ser manipulado pelo exercício da força e do poder.
Por isso, a alternativa (A) é a correta.
A alternativa (B) está errada, pois não representa, analiticamente, o contexto da sociedade contemporânea, em suas vicissitudes, mas a relação de poder de um sobre o outro.
A alternativa (C) está errada, pois não há vestígio na imagem que demonstre uma possibilidade de rompimento das amarras que cercam o homem.
A alternativa (D) está errada, pois a charge critica a manipulação de poder. Ela não é imparcial. Também não a legitima o jugo do forte sobre o desfavorecido da sorte. É o contrário.
A alternativa (C) está errada, pois não há vestígio na imagem que demonstre uma insurreição do frágil à imposição da mão soberana do opressor.
Gabarito: A
Leia o texto, para responder às questões de números 27 a 34.
A fuga da autoridade adulta
Eu estava falando em uma conferência em Nova Iorque durante o verão de 2016 quando descobri o termo “adultar”. Tomava um drinque em um bar quando vi um jovem na casa dos 30 usando uma camiseta que dizia “Chega de adultar por hoje”. Depois, entrevistei uma mulher cuja camiseta transmitia uma mensagem simples: “Adultar é cruel!”.
Caso você não esteja familiarizado com a palavra, adaptada do inglês “adulting”, adultar é definido como “a prática de se comportar do modo característico de um adulto responsável, especialmente na realização de tarefas mundanas, mas necessárias”. A palavra é usada para transmitir uma conotação negativa em relação às responsabilidades associadas à vida adulta. E sugere que, dada a oportunidade, qualquer mulher ou homem sensato na casa dos 30 preferiria não adultar, e evitar o papel de um adulto.
A tendência de retratar a vida adulta como uma conquista excepcionalmente difícil que precisa ser ensinada coexiste com uma sensação palpável de desencanto com o status de adulto. Em tudo além do nome a vida adulta se tornou desestabilizada, a ponto de ter se tornado alvo de escárnio e, para muitos, uma identidade indesejada. Não surpreende que adultar seja uma atividade que muitos indivíduos biologicamente maduros só estejam preparados para desempenhar em tempo parcial.
O corolário da idealização do adultamento em regime parcial é o desmantelamento da autoridade adulta. O impacto corrosivo da perda da autoridade adulta no desenvolvimento dos jovens foi uma grande preocupação para a filósofa política Hannah Arendt. Escrevendo nos anos 1950, Arendt chamou atenção para o “colapso gradual da única forma de autoridade” que existiu em “todas as sociedades conhecidas historicamente: a autoridade dos pais sobre filhos, dos professores sobre os alunos e, em geral, dos mais velhos sobre os mais novos”. Setenta anos depois, a desautorização da vida adulta se tornou amplamente celebrada na cultura popular ocidental. Em vez de se preocupar com as consequências da erosão da autoridade adulta, esse desenvolvimento é visto como positivo por partes da mídia, que acreditam que pessoas crescidas têm muito pouco a ensinar às crianças.
(Frank Furedi, revistaoeste.com. 24.07.2020. Adaptado)
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
É correto afirmar que o texto aborda criticamente
(A) a adesão da população jovem ao enfrentamento da autoridade das gerações precedentes.
(B) a incerteza acerca do futuro da geração atual diante da crise da autoridade parental.
(C) a recusa da geração dos anos 1950 em se sujeitar aos ditames do amadurecimento.
(D) o impacto, nas novas gerações, da crise de identidade própria da infância e da adolescência.
(E) a tendência ao adiamento da maturidade e das responsabilidades a ela vinculadas.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o texto não aborda a adesão da população jovem a um suposto enfrentamento da autoridade das gerações precedentes. Na realidade, o texto destaca a preocupação com o desmantelamento da autoridade adulta.
A alternativa (B) está errada, pois tangencia a informação do texto. Embora o texto discuta a crise da autoridade parental, não se concentra na incerteza acerca do futuro da geração atual. A ênfase está na crítica à tendência de adiamento da maturidade.
A alternativa (C) está errada, pois o texto não aborda uma suposta recusa da geração dos anos 1950 em se sujeitar aos ditames do amadurecimento. Pelo contrário, destaca a preocupação da filósofa Hannah Arendt com o colapso gradual da autoridade adulta.
A alternativa (D) está errada, pois tangencia a informação do texto. Embora o texto sugira um possível colapso gradual da autoridade nas relações entre gerações, não aborda diretamente a crise de identidade própria da infância e adolescência. A ênfase está na crítica à perda da autoridade adulta.
A alternativa (E) é a correta, pois o autor expressa preocupação em relação à tendência contemporânea de adiar ou resistir ao adultamento, associado à realização de tarefas mundanas e responsabilidades típicas da vida adulta. A crítica se estende à perda da autoridade adulta.
Primeiramente, o texto introduz o conceito de “adultar”, referindo-se às responsabilidades associadas à vida adulta: “Adultar é definido como ‘a prática de se comportar do modo característico de um adulto responsável, especialmente na realização de tarefas mundanas, mas necessárias’.”.
Em seguida, há uma crítica à percepção contemporânea de que a vida adulta é excepcionalmente difícil e desencantadora, contribuindo para a resistência ao “adultamento”: “A tendência de retratar a vida adulta como uma conquista excepcionalmente difícil que precisa ser ensinada coexiste com uma sensação palpável de desencanto com o status de adulto.”
O texto prossegue relacionando a idealização do “adultamento” parcial ao desmantelamento da autoridade adulta, sugerindo uma conexão entre o adiamento da maturidade e a perda de autoridade: “O corolário da idealização do adultamento em regime parcial é o desmantelamento da autoridade adulta.”
Depois destaca como a desautorização da vida adulta é celebrada na cultura popular, reforçando a ideia da tendência contemporânea ao adiamento da maturidade: “A desautorização da vida adulta se tornou amplamente celebrada na cultura popular ocidental.”
Assim, esses trechos sustentam a crítica do autor à tendência de adiar a maturidade e as responsabilidades associadas.
Gabarito: E
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
O trecho no início do segundo parágrafo – Caso você não esteja familiarizado com a palavra adaptada do inglês “adulting”, adultar é definido como… – consiste em
(A) um modo polido que o autor encontrou para expor o tema, descartando a hipótese de se tratar de novidade para seu leitor.
(B) uma atitude profissional do autor para esclarecer um assunto que sabidamente é desconhecido do público leitor da revista.
(C) um recurso do autor para apresentar a informação de modo cortês, sem aparentar superioridade em relação ao leitor.
(D) uma estratégia do autor para trazer a informação, embora reconheça que o assunto não é novidade para o leitor.
(E) uma forma pouco adequada de introduzir uma nova informação para o leitor, haja vista que está explícito que este já a conhece.
Comentário: O autor inicia o texto informando que descobriu o termo “adultar”. Assim, notamos que não é uma palavra usual, comum na língua. Dessa forma, ele a apresenta, com o cuidado de demonstrar que algum leitor pode desconhecer a palavra, como ele também não conhecia.
Assim, a alternativa (C) é a correta: um recurso do autor para apresentar a informação de modo cortês, sem aparentar superioridade em relação ao leitor.
A oração condicional “Caso você não esteja familiarizado com a palavra” demonstra que o autor não tem certeza se o leitor conhece ou não a palavra. Por isso, não cabe a ideia de que seria um assunto que sabidamente fosse desconhecido ou conhecido do público leitor da revista, como sugerem as afirmações das alternativas (A), (B), (D) e (E).
Gabarito: C
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Assinale a alternativa em que há analogia de sentido entre a palavra destacada e as que a seguem.
(A) Escárnio – escarnecer e esbulho.
(B) Adultar – adulterar e adultério.
(C) Autoridade – alteridade e autoritarismo.
(D) Cruel – cru e crueza.
(E) Homem – homérico e homicídio.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois “escárnio” é aquilo que é objeto de desdém, ironia ou sarcasmo. O verbo “escarnecer” é a ação relativa ao significado desse substantivo.
Porém, “esbulho” tem outro sentido: significa retirar de uma pessoa algo que está em sua posse ou é sua propriedade.
A alternativa (B) está errada, pois o próprio texto tratou do verbo “adultar” como a prática de se comportar do modo característico de um adulto responsável, especialmente na realização de tarefas mundanas, mas necessárias. Já adulterar significa modificar, alterar algo. E adultério é a infidelidade estabelecida por relação carnal com outro(a) parceiro(a) que não o(a) companheiro(a) habitual.
A alternativa (C) está errada, pois autoridade é quem tem o direito ou poder de ordenar, de decidir, de atuar, de se fazer obedecer. Autoritarismo é aquele que age com absoluta autoridade. Já alteridade é a natureza ou condição do que é outro, do que é distinto.
A alternativa (D) é a correta, pois “cruel” é característica de quem gosta de fazer o mal, atormentar, maltratar; impiedoso. Cru é aquilo que não teve cozimento suficiente. Seu segundo sentido é aquele que não tem piedade; cruel, feroz. Crueza é propriedade do que é natural, rude. Também é característica ou estado de cru, não preparado ou não cozido. Por extensão, tem o sentido de crueldade; castigo terrível.
A alternativa (E) está errada, pois “homem” se refere à espécie humana, à humanidade ou ao indivíduo do sexo masculino. Já homérico é aquilo que tem o caráter extraordinário, fantástico, desmedido das cenas épicas presumivelmente descritas por Homero. Homicídio é a destruição, voluntária ou involuntária da vida de um ser humano; assassínio, assassinato.
Gabarito: D
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Considere os trechos:
Em tudo, além do nome, a vida adulta se tornou desestabilizada, a ponto de ter se tornado alvo de escárnio e, para muitos, uma identidade indesejada. (3º parágrafo)
Em vez de se preocupar com as consequências da erosão da autoridade adulta, esse desenvolvimento é visto como positivo por partes da mídia… (4º parágrafo)
É correto afirmar que as expressões destacadas estabelecem, correta e respectivamente, relações de sentido, de
(A) condição e modo.
(B) consequência e substituição.
(C) adição e comparação.
(D) concessão e ressalva.
(E) meio e causa.
Comentário: A locução prepositiva “a ponto de” transmite valor de consequência. Pelo contexto, entendemos que a vida adulta se tornou desestabilizada e isso levou a ter se tornado alvo de escárnio e, para muitos, uma identidade indesejada.
A locução prepositiva “Em vez de” transmite o valor de substituição de algo, isto é, no lugar de se preocupar com as consequências da erosão da autoridade adulta, esse desenvolvimento é visto como positivo por partes da mídia.
Assim, a alternativa (B) é a correta.
Gabarito: B
- (VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Assinale a alternativa que, de acordo com a norma-padrão de regência, dá sequência ao enunciado:
Qualquer homem ou mulher
(A) assistiria feliz o fim da autoridade da qual nunca depositou confiança.
(B) visaria menos deveres e obrigações dos quais se preocupar.
(C) consentiria de permanecer adolescente, sem deveres aos quais assumir.
(D) aspiraria a não adultar para evitar obrigações a que se prender.
(E) preferiria não adultar do que assumir deveres nos quais todos estão sujeitos.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “assistir”, no sentido de ver, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. O substantivo “confiança” rege a preposição “em”, e não “de”, diante do pronome relativo.
Qualquer homem ou mulher assistiria feliz ao fim da autoridade na qual nunca depositou confiança.
A alternativa (B) está errada, pois o verbo “visar”, no sentido de desejar, ter por objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. O verbo pronominal “se preocupar” rege a preposição “com”.
Qualquer homem ou mulher visaria menos a deveres e obrigações com os quais se preocupar.
A alternativa (C) está errada, pois o verbo “consentir” é transitivo direto e não admite preposição. O verbo “assumir” é transitivo direto e não rege preposição “a” diante do pronome relativo.
Qualquer homem ou mulher consentiria permanecer adolescente, sem deveres os quais assumir.
A alternativa (D) é a correta, pois o verbo “aspirar”, no sentido de desejar, ter por objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. Note que “se prender” rege a preposição “a” diante do pronome relativo “que”.
Qualquer homem ou mulher aspiraria a não adultar para evitar obrigações a que se prender.
A alternativa (E) está errada, pois o verbo “preferir” é transitivo direto e indireto e rege a preposição “a”. Além disso, “sujeitos” rege a preposição “a”, e não “em” diante do pronome relativo. Veja a correção:
Qualquer homem ou mulher preferiria não adultar a assumir deveres aos quais todos estão sujeitos.
Gabarito: D
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
A passagem em que a palavra destacada está empregada em sentido próprio é:
(A) … uma atividade que muitos indivíduos biologicamente maduros só estejam preparados para desempenhar em tempo parcial. (3º parágrafo)
(B) … do modo característico de um adulto responsável, especialmente na realização de tarefas mundanas, mas necessárias… (2º parágrafo)
(C) O impacto corrosivo da perda da autoridade adulta foi uma grande preocupação para a filósofa política Hannah Arendt. (4º parágrafo)
(D) Em tudo além do nome a vida adulta se tornou desestabilizada, a ponto de ter se tornado alvo de escárnio… (3º parágrafo)
(E) Em vez de se preocupar com as consequências da erosão da autoridade adulta, esse desenvolvimento é visto como positivo… (4º parágrafo)
Comentário: A palavra é empregada em sentido próprio quando transmite o significado original da palavra, normalmente associado ao primeiro significado que aparece na definição do dicionário, isto é, em seu sentido literal.
Na alternativa (A), a palavra “maduros” está sendo empregada em sentido figurado. O sentido literal dessa palavra é a característica em que se encontra o fruto que, tendo atingido seu completo desenvolvimento, pode ser comido, colhido ou semeado.
Por extensão de sentido, figurado, há uma comparação do pleno desenvolvimento do vegetal com o ser humano. Assim, o ser humano maduro é aquele que já atingiu seu pleno desenvolvimento, isto é, uma pessoa adulta.
No texto, a autora deixa subentender dois tipos de amadurecimento humano: o biológico e o comportamental. Assim, com a expressão “biologicamente maduros”, ela se refere à idade adulta, com o pleno desenvolvimento do corpo, mas não necessariamente com o comprometimento comportamental do adulto:
Não surpreende que adultar seja uma atividade que muitos indivíduos biologicamente maduros só estejam preparados para desempenhar em tempo parcial.
A alternativa (B) é a correta, pois o adjetivo “mundanas” está sendo empregado em sentido próprio, ou seja, de maneira literal. Neste contexto, mundanas são tarefas quotidianas e comuns, aquelas que fazem parte da vida quotidiana e que não possuem um carácter extraordinário ou excepcional. Ao usar “mundanas”, a frase destaca a natureza ordinária e a necessidade dessas atividades, ressaltando que são tarefas comuns que fazem parte da responsabilidade de um adulto.
Na alternativa (C), a palavra “corrosivo” é utilizada em sentido figurado, pois não se refere à corrosão química, mas sim ao efeito negativo que a perda da autoridade adulta pode ter sobre a sociedade.
Na alternativa (D), a palavra “alvo” está sendo empregada em sentido figurado porque não se refere literalmente a um objeto físico que pode ser atingido ou mirado. Em vez disso, neste contexto, “alvo” é utilizado metaforicamente para indicar que a vida adulta se tornou o foco ou objeto de escândalo, ou seja, é alvo de zombarias e críticas por parte de outras pessoas.
Na alternativa (E), a palavra “erosão” está sendo empregada em sentido figurado porque não se refere literalmente ao desgaste físico causado por processos naturais, como ocorre com a erosão do solo.
Neste contexto, “erosão” é utilizada metaforicamente para descrever um desgaste gradual ou uma diminuição gradual da autoridade adulta. A palavra é escolhida para transmitir a ideia de que, ao longo do tempo, a autoridade está praticando ou sendo erodida, assim como o solo é erodido pela ação do vento ou da água. Portanto, “erosão” é usado aqui como uma figura de linguagem para ilustrar a perda progressiva da autoridade adulta, conferindo um sentido mais simbólico e abstrato à situação.
Gabarito: B
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Na passagem – A tendência de retratar a vida adulta como uma conquista excepcionalmente difícil… (3º parágrafo) –, excepcionalmente pertence à mesma classe de palavras que o vocábulo destacado em
(A) … partes da mídia, que acreditam que pessoas crescidas têm muito pouco a ensinar às crianças. (4º parágrafo)
(B) … “a prática de se comportar do modo característico de um adulto responsável, especialmente na realização de tarefas mundanas, mas necessárias”. (2º parágrafo)
(C) A palavra é usada para transmitir uma conotação negativa em relação às responsabilidades associadas à vida adulta. (2º parágrafo)
(D) … a desautorização da vida adulta se tornou amplamente celebrada na cultura popular ocidental. (4º parágrafo)
(E) … muitos indivíduos biologicamente maduros só estejam preparados para desempenhar em tempo parcial. (3º parágrafo)
Comentário: O vocábulo “excepcionalmente” é um advérbio, pois modifica o adjetivo “difícil”.
A alternativa (A) é a correta, pois “muito” é advérbio que modifica outro advérbio: “pouco”.
Note que “necessárias” é adjetivo, “responsabilidades” é substantivo, “celebrada” é adjetivo e “desempenhar” é verbo.
Gabarito: A
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Assinale a alternativa em que a frase está em conformidade com a norma-padrão de concordância e colocação dos pronomes átonos.
(A) Poderia-se dizer que a vida adulta, hoje, representa um problema para os que não a enfrenta com maturidade.
(B) Já vão fazer décadas que a ideia de as pessoas adultarem estão se firmando nas sociedades ocidentais.
(C) Percebe-se que, em 2020, já havia setenta anos desde que Hannah Arendt mostrou-se preocupada com as formas de autoridade que entraram em colapso.
(D) Foi constatado inúmeras formas de desautorização, até mesmo das que se via nos anos 1950 e às quais Hannah Arendt se referiu.
(E) Existe sempre e em todos os tempos desafios à autoridade, em suas diversas manifestações, haja vista o que passa-se entre pais e filhos.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não cabe ênclise a verbo no futuro do pretérito do indicativo, mas mesóclise.
Além disso, o pronome relativo “que” ocupa a função de sujeito e retoma o pronome demonstrativo plural “os”, por isso o verbo deve flexionar-se no plural. Veja a correção:
Poder-se-ia dizer que a vida adulta, hoje, representa um problema para os que não a enfrentam com maturidade.
A alternativa (B) está errada, pois o verbo “fazer”, no sentido de tempo decorrido, não tem sujeito, por isso não se flexiona no plural e não deixa o seu verbo auxiliar se flexionar também.
Além disso, o sujeito singular “a ideia” força o verbo “estão” no singular.
A linguagem culta prevê que deve haver próclise em oração subordinada desenvolvida, por isso o pronome “se” deve posicionar-se antes de “está”. Veja a correção:
Já vai fazer décadas que a ideia de as pessoas adultarem se está firmando nas sociedades ocidentais.
A alternativa (C) é a correta. O verbo “Percebe” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador e o sujeito paciente é toda a oração “que, em 2020, já havia setenta anos”. Assim, tal verbo deve permanecer no singular.
O verbo “havia” encontra-se no sentido de tempo decorrido, por isso não tem sujeito e está flexionado no singular.
Além disso, o verbo “mostrou” está flexionado no singular para concordar com o sujeito “Hannah Arendt”.
Por fim, o pronome relativo “que” retoma o substantivo plural “formas” e está na função de sujeito, por isso o verbo “entraram” está flexionado no plural.
Há um detalhe de uma regra de colocação pronominal que a banca normalmente ignora: não cabe ênclise em oração subordinada desenvolvida. Note que a oração “desde que Hannah Arendt mostrou-se preocupada com as formas de autoridade” é subordinada adverbial temporal desenvolvida. Assim, o ideal seria a próclise: se mostrou.
Porém, como falei, esta é uma colocação pronominal que a banca normalmente ignora e, observando os erros das demais alternativas, sobra efetivamente esta como a correta.
A alternativa (D) está errada, pois o sujeito plural “inúmeras formas de desautorização” força a locução verbal da voz passiva ao plural e feminino “Foram constatadas”.
Como o pronome relativo “que” retoma o pronome demonstrativo plural “as” e se encontra na função de sujeito, o verbo “via” deve flexionar-se no plural.
Foram constatadas inúmeras formas de desautorização, até mesmo das que se viam nos anos 1950 e às quais Hannah Arendt se referiu.
A alternativa (E) está errada, pois o verbo “Existir” é intransitivo e deve concordar com o sujeito plural “desafios”. Além disso, o pronome “se” deve posicionar-se antes do verbo “passa”, porque o pronome “que” o atrai.
Existem sempre e em todos os tempos desafios à autoridade, em suas diversas manifestações, haja vista o que se passa entre pais e filhos.
Gabarito: C
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas da seguinte afirmação:
Na passagem – Tomava um drinque em um bar quando vi um jovem na casa dos 30 usando uma camiseta que dizia “Chega de adultar por hoje”. Depois, entrevistei uma mulher cuja camiseta transmitia uma mensagem simples: “Adultar é cruel!”. – a palavra “que” é um pronome _____________ na função de _____________–; a palavra “simples” é um _____________ na função de_____________.
(A) relativo … adjunto adnominal … adjetivo … predicativo
(B) pessoal … adjunto adnominal … adverbio … adjunto adverbial
(C) demonstrativo … predicativo … substantivo … objeto direto
(D) demonstrativo … objeto direto … advérbio … adjunto adverbial
(E) relativo … sujeito … adjetivo … adjunto adnominal
Comentário: A palavra “que” retoma “camiseta” e pode ser substituída por “a qual”. Assim, é pronome relativo. Tal pronome é sujeito do verbo “dizia”.
Assim, já sabemos que a alternativa (E) é a correta.
A palavra “simples” é um adjetivo, o qual cumpre a função de adjunto adnominal, pois o núcleo do objeto direto é “mensagem”.
Gabarito: E
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(VUNESP / PC SP Investigador de Polícia 2023)
Assinale a alternativa cujo enunciado está redigido de acordo com a norma-padrão de ortografia e acentuação.
(A) Antes de reinvindicar o direito ao lazer, é necessário empenhar-se na consecução de objetivos que convem não negligenciar.
(B) É certa a existência de deveres pré-existentes à condição de adulto; e não faz sentido os indivíduos se degladiarem, querendo fugir deles.
(C) Muitos consideram um previlégio chegar à maturidade podendo exercer plenamente as atividades e vencer os desafios que vem ao seu encontro.
(D) A beneficência é uma das formas de prover o bem-estar comum, propiciando ao indivíduo as muitas recompensas que dela advêm.
(E) Para todos que se vêem às voltas com a maturidade, é imprecindível a assunção das responsabilidades a ela inerentes.
Comentário: A alternativa (D) é a correta, pois a grafia de todas as palavras está de acordo com a norma culta. Note que “beneficência” tem acento por ser palavra paroxítona terminada em ditongo oral.
Note que a palavra composto sem elemento intercalado “bem-estar” apresenta hífen.
Note que, como o verbo “advêm” se refere ao plural “recompensas”, recebe acento circunflexo – regra do acento diferencial. Confirme:
A beneficência é uma das formas de prover o bem-estar comum, propiciando ao indivíduo as muitas recompensas que dela advêm.
Agora, veja a correção das palavras em negrito:
Antes de reivindicar o direito ao lazer, é necessário empenhar-se na consecução de objetivos que convém não negligenciar.
(Observe acima que o verbo “convém” é intransitivo e seu sujeito é a oração “negligenciar”. Por isso deve permanecer no singular)
É certa a existência de deveres preexistentes à condição de adulto; e não faz sentido os indivíduos se digladiarem, querendo fugir deles.
Muitos consideram um privilégio chegar à maturidade podendo exercer plenamente as atividades e vencer os desafios que vêm ao seu encontro.
Para todos que se veem às voltas com a maturidade, é imprescindível a assunção das responsabilidades a ela inerentes.
Gabarito: D
Espero ter contribuído com o seu aprendizado!
Grande abraço!
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